A DIFERENÇA INVISÍVEL


Nunca consegui me aproximar de um tema de estudo sem ir em busca de tudo que estivesse relacionado, seja em qualquer mídia. Nem sempre temos o melhor entendimento de um assunto só através de textos acadêmicos. Muitas vezes um texto de divulgação científica ou uma matéria para leigos ajudam muito mais. Além de músicas, filmes, literatura de ficção, games e HQs…

Sim, HQs, Histórias em Quadrinhos, que, ao contrário do que muita gente pensa, não são só para crianças e adolescentes. Têm de diversos gêneros e para todas as idades. Um dos que mais gosto são as HQs autorais (sou fã e colecionador de quadrinhos, além de já ter pesquisado na área também, mais especificamente mangás, os quadrinhos japoneses), normalmente com histórias baseadas na própria experiência do autor, narradas em primeira pessoa.

Publicada recentemente pela Editora Nemo, que tem lançado diversas HQs de cunho mais autoral e pessoal dos artistas, A Diferença Invisível das francesas Mademoiselle Caroline e Julie Dachez traz a história de Marguerite (alter ego de Dachez), que foi diagnosticada como tento Asperger aos 27 anos.

A narrativa tem uma sensibilidade tocante e poética e consegue ser, ao mesmo tempo, informativa sobre esse tom do espectro autista. Lembrando que nem todos concordam em ainda usar o termo Asperger (ou Síndrome de Asperger), cunhado por Lorna Wing em 1981, psiquiatra inglesa e mãe de uma criança autista em homenagem a Hans Asperger que em 1944 descreveu formas leves de autismo.

Muitos dizem, a partir do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - Quinta Edição na sigla em Inglês), que o Transtorno do Espectro Autista descreve todas as características de qualquer nível. Porém muitos outros, sobretudo pessoas com esse tipo de autismo gostam de se identificar como aspergers, ou aspies, como a própria autora da HQ. Nesse sentido me identifico em muito com a HQ num nível pessoal.

Além de uma gostosa leitura, certamente estando agora na minha lista das melhores HQS de qualquer gênero na minha opinião, é um excelente modo de aprender mais sobre alguns tons do fascinante mundo do Transtorno do Espectro Autista.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul