SOBREPOSTOS

Sua espontaneidade captura meu sorriso
E eu a invado de sonhos de menina
Desconstruímos o que era posto
Agora sobrepostos autenticamente
Significando cada momento
Paroxismo predestinado ao fim do dia
Ou a noite dos espíritos livres

Diferenças subvertidas por desejos
Verdades reveladas por olhares
Confeccionamos planos loucos
Sem nunca desenhar a normalidade
Nossa condição para a existência

Narrativa natural e exclusiva
Impensada pelos comuns
Cenários e roteiros inusitados
A duvidar que não há câmeras
Ou personagens criados em alucinações

Pode-se falar de sentimentos?
De pensamentos?
Ou até de estímulo e resposta?
Discutir Kant
Crítica da Razão Pura
Perguntas fundamentais
A mim que sou tão racional
E até se converter
Ao material mágico da realidade
A que for plausível à percepção
A que for criatividade

O que for nosso
O que for
Porque já é

PERDIDOS NO TEMPO


Estivemos por todo o tempo assíncronos
No hipertexto de nossa narrativa
Desde que soube primeiro seu nome
E você desconhecia meu olhar
Dos códigos das redes sociais
Lugar primeiro da nossa sala existencial
À saudação em ciclos distintos de Morfeu
Mas o tempo se formou em nova tela
E a chuva superabundou as cores
E a física quântica deu espaço a química
E a bioquímica invadiu a neurociência
Disputando em filosofias da mente
Tornando termodinâmica a psicologia dos corpos
Ao som das minhas canções secretas
Nos perdemos no tempo como dimensão
Reforçadores absolutos de cada pulsar
Mesmos que sobre poucos dias até aqui criados
Temos distância dos passos sobre os anos
Partilhamos até princípios de incerteza
Mas enquanto as águas vierem dos sonhos
Fenomenologicamente fotografadas
Em nossos pensamentos num único instante
Sua existência não mais será suposição
Não mais desconfiarei dos ponteiros imóveis do relógio

Fonte da Foto: sagittariusssss