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O AMOR NÃO ACABA QUANDO A VELHICE CHEGA

quando formos velhos
e o tempo tiver me transformado em outro
e eu já não recorde dos melhores anos de minha existência
lembre-me o quanto fui feliz com você
em quantas vezes disse que te amava num só dia
de como eu olhava para você
e nada mais importava
de como eu quis parar o tempo
ser senhor da própria história
e escreve-la apenas com você
a pessoa mais importante da minha vida
a quem amei acima de tudo e de todos
lembre-me de quem eu era
mesmo que seja de como você me via
diga-me que cumprimos a lista das coisas que faríamos juntos
que o amor proibido foi revelado
e nos casamos naquela igreja
e seguimos aquela estrada
até aquele lugar
prove-me que encontrei o que buscava
que tive a grande idéia
e não serei esquecido
ainda que me interpretem errado
e me biografem inverdades
traga a caixa com nossos retratos
momentos congelados de quem fomos
sorrisos de dias que importaram
memórias desses anos em que te disse
eu amo você meu amor
você é minha razão de viver
fomos escolhidos
viveremos felizes para sempre
até morrermos juntos
porque, prometemos um ao outro,
ou os dois vivem
ou os dois morrem

Publicado originalmente no jornal O Povo de 10 de junho de 2007

MINHA MÃE LUCÍLIA


Altruísta. Seria esse o adjetivo que eu usaria para definir minha mãe em uma só palavra. Sempre dedicada aos irmãos na juventude, e aos filhos até hoje. Excelente dona de casa e “mãos de fada” na cozinha, seu talento especial, sempre fazendo guloseimas para a nossa alegria. Este ano fará 70 anos, com uma boa vitalidade, ainda que sofra de pressão alta.

De família grande e tradicional em Redenção, interior do Ceará, onde nasceu e morou a maior parte de sua vida. Bastante inteligente, estudou em colégios tradicionais de Fortaleza. Medrosa por excelência, tem medo de escuro, altura, velocidade e outros tantos mais. Sempre teve uma vida muito recatada, talvez por ser muito tímida, o que a sempre fez passar a maior parte do tempo em casa sozinha e quase nunca sair com amigas (que lhe são poucas).

Casou-se aos 22 anos e teve quatro filhos e uma filha, aos quais sempre foi muito devotada. Quase sempre parcial em seus julgamentos, coloca o amor aos filhos acima de tudo. Apego demasiado, mas sincero, às pessoas que ama, pois sempre esqueceu voluntariamente as próprias necessidades para dar-se aos filhos.

Publicado originalmente no jornal O Povo em 10 de maio de 2008.

Obs.: Encontrei a foto acima há alguns anos na coisas da minha mãe. É bem pequena, mas digitalizei e dei uma melhorada no photoshop. Infelizmente é a única foto que minha mãe tem de quando jovem.

SÃO FRANCISCO OU RONALDO?

Os que têm mais de vinte anos certamente se lembram de São Francisco, de quem tanto ouviram falar nas missas, em casa e nas conversas com os amigos. Os mais jovens talvez até já tenham ouvido falar, mas não têm certeza de quem seja. Contudo, sem dúvida conhecem Ronaldo, o Fenômeno.

Por quê? Porque o nosso modelo de herói mudou. Antes adorávamos ouvir histórias de gente rica que abandonava tudo em troca de um sonho ou de um grande amor. Hoje sonhamos com a riqueza para depois comprar o amor ou o sonho. O herói hoje é Ronaldo, que era pobre e ficou rico - não o criticando, já que ficou rico honestamente - e por ser realmente um craque. Quase diariamente vemos e aplaudimos as celebridades instantâneas e efêmeras que surgem na televisão. Nos vemos nelas. Sonhamos, através delas, nossas utopias individuais.

São Francisco hoje seria considerado louco, talvez fosse até internado ou ridicularizado em algum programa de TV por deixar a riqueza dos pais e partir em busca de seus ideais. Alguns certamente diriam ser ele um ''sonhador'', um outsider.

Roubar dos ricos e dar aos pobres como Robin Hood? Roubar tudo bem, mas para ficar rico, afinal, na nossa sociedade não importa de onde vem o dinheiro, importa que venha.

Consumir é o meio de atingir a felicidade. Os comerciais, como dizem os publicitários, não vendem mercadorias, vendem sonhos. Como alguém da periferia pode se sentir igual ao rico? Comprando o tênis ou a roupa de determinada marca, nem que sejam falsificados; sonhando é claro - e rezando -, com o dia que acertará os números da Mega-Sena.

Dinheiro é bom, concordo. Ou pode ser bom. Desde que não nos esqueçamos de que é mais importante ser do que ter, e não acreditemos em frases como: ''Dinheiro não traz a felicidade, manda buscar''. Ridículo.

Publicado originalmente no jornal O Povo em 14 de outubro de 2003.

SUPER-HERÓIS BRASILEIROS

Eles não são idolatrados, não têm revistas em quadrinhos nem filmes de Hollywood como os super-heróis americanos, mas quem acha que não existem super-heróis no Brasil está enganado.Eles existem sim, e nós os chamamos de jornalistas.E atualmente estão merecendo toda nossa admiração e respeito, pois como nunca estão denunciando, desmascarando e combatendo, por vezes sozinhos, a corrupção no Brasil. São eles que estão fazendo a sociedade brasileira sair de sua acomodação com a conjuntura política no Brasil. Se os brasileiros estão cobrando mais de seus representantes e fiscalizando suas ações é porque os jornalistas estão empenhados em revelar tudo que há de errado na política nacional.Estão, como os super-heróis da ficção, lutando por verdade e justiça.

Há quem pense que o Brasil nada mudou nas últimas décadas e há quem, absurdamente, sinta saudade da ditadura militar - claro, a memória sempre maquia o passado e a memória brasileira, sabemos, não é lá muito boa - acham que hoje tem muito mais corrupção que naquela época, mas não percebem que a corrupção no Brasil é histórica. Hoje, porém, devido ao destemor dos jornalistas, temos amplo conhecimento dela e podemos combatê-la.

O espírito jornalístico brasileiro é fortíssimo, mesmo quando forçados ao silêncio jornalistas bradaram contra as ditaduras que se estabeleceram por estas terras e agora, com a liberdade conquistada reportam ao grande público o que tem acontecido nos bastidores da democracia que ajudaram a consolidar. Além disso, mais jornalistas descomprometidos com ideologias partidárias têm surgido, o que proporciona um olhar cada vez mais objetivo dos fatos.

Hollywood tem feito filmes com Batman, Superman e Homem-Aranha, nosso cinema poderia fazer filmes com nossos super-heróis, que, melhor ainda que aqueles, são reais.

Publicado originalmente no jornal O Povo em 26 de agosto de 2006.

SÍNDROME DE CHAVES

Todos os anos se repetem as cenas que nos deixam angustiados diante da televisão. Cenas de miséria e fome que assolam o país, sobretudo no Nordeste. Crianças desnutridas, pai desempregado, mãe que chora diante das câmeras, farinha e raízes na panela sobre o fogão à lenha, mexem conosco. Lembramos da nossa geladeira farta e do peru de Natal e das nozes que planejamos comprar para a ceia, obrigatória no que pensamos ser um Natal feliz. Pensamos no assunto um minuto ou dois antes de dormir, planejando, quem sabe, doar alguns quilos de alimentos para uma campanha de solidariedade de final de ano, satisfazendo com isso a nossa consciência, em algum lugar dentro de nós perdida, sufocada pela idéia de que não somos responsáveis.

Esse comportamento se assemelha ao das pessoas que moram na vila do seriado Chaves. Todos que lá residem sabem que o protagonista da série, o garoto Chaves, é órfão e pobre, sempre com grande fome e a desejar seu prato favorito: sanduíche de presunto. Seus amigos (amigos?) se solidarizam, sentem pena e às vezes lhe dão algo para comer, mas logo tudo é esquecido e ninguém faz nada para, de fato, resolver o problema de Chaves, que é bem simples: fome.

Sempre nos finais de ano a consciência coletiva se modifica, embalada pela mídia e pela religião. É o momento da partilha, da solidariedade. Pensamos, culpados com nossa ceia que será variada, nos que não têm nada para comer. Dizemos aos nossos filhos que o Natal lembra o nascimento de alguém importante, cuja vida foi exemplo de altruísmo.

Grupos de conscientes com seu papel social se formam e coordenam grandes movimentos que inspiram os que foram dormir se sentindo culpados com as cenas que viram no jornal. São várias as campanhas para um Natal sem fome, onde todos possam comer e sonhar com um Papai Noel vestido com sua roupa de frio, na esperança de que de fato ele exista e venha acabar com tanto sofrimento na terra do sol. Damos esmolas, sejam materiais ou de afeto, pensando mais na satisfação que estas atitudes nos trazem do que nas necessidades de quem estamos ajudando (usando?). Que me perdoem as Ongs e os grupos religiosos que coordenam as campanhas de arrecadação de alimentos, mas e o resto do ano?

Texto publicado originalmente no jornal O Povo de 29 de dezembro de 2008.

O SONHO DE SER FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Ser funcionário público. Eis o sonho de milhares de brasileiros atualmente. E quase invariavelmente, o sonho dos fracassados. Daqueles que não se julgam suficientemente competentes para as empresas privadas, muito mais exigentes e seletivas. Dos que não querem continuar estudando e se superando a cada dia.

Estabilidade. A palavra mais citada por aqueles que querem passar num concurso público e que sustentam centenas de jornais, sites e cursos especializados. É verdade, num país como o Brasil, de renda per capita tão baixa e flutuante, é normal querer ter estabilidade. Mas, no fundo, o que querem é comodidade. Emprego garantido, independentemente da produção ou aprovação do cliente. Nada de estudar mais, de trabalhar mais, afinal, todos sabem, no setor público é fácil não trabalhar.

Não precisa saber inglês, nunca ouviram falar em marketing, não precisa ter conhecimento de mundo, não precisa tratar bem o cliente. Na verdade, muitos nem tem inteligência e controle emocional para trabalhar, sequer para passar numa entrevista em uma empresa privada, inexistente no setor público, basta passar numa prova de múltipla escolha.

Que me perdoem os muitos funcionários públicos competentes e que trabalham muito, sei que existem, conheço alguns. A questão é que muitos dos que querem entrar no funcionalismo público hoje são aqueles que nunca conseguiriam chegar a lugar algum no setor privado. Seu desejo é trabalhar pouco, ganhar muito e se aposentar com todas as regalias possíveis. É a cultura do malandro. Detestamos trabalhar, mas queremos ficar ricos.

Os que sonham em ser funcionários públicos precisam aprender algo com os que estão dando tudo de si para ascenderem no setor privado. Competência, constante aprendizado, maximização de resultados e foco no cliente.

Publicado originalmente no jornal O Povo de 10 de novembro de 2007

OS CANGACEIROS E OS TRAFICANTES

Não há uma explicação única para o fenômeno nordestino do final do séc. XIX e início do séc. XX, conhecido como cangaço. Mandonismo dos coronéis e a servidão nas fazendas, miséria, desamparo e menosprezo da Igreja estão entre as mais citadas. Os estudiosos apontam uma pluralidade de causas. Ao observar essas causas e, naturalmente, suas conseqüências, vemos inúmeras semelhanças com um fenômeno mais próximo de nós, o tráfico de drogas.

O cangaceiro, ao contrário do mito, foi o bandido do sertão. O traficante, longe da celebridade midiática, é o novo bandido urbano. O cangaceiro foi o antigo jagunço, protetor do coronel e mantenedor da ordem. Rompeu com este para se tornar andarilho, mas as alianças continuaram. Muitos coronéis, políticos e religiosos poderosos viraram coiteiros, protetores dos bandos. Vários novos coronéis, políticos e religiosos protegem o traficante. Os dois primeiros com dinheiro, armas e cobertura penal; os últimos com os chamados direitos humanos do criminoso.

Cangaceiros tinham acesso a armas exclusivas das forças armadas. Isso lembra algo hoje? Policiais lhes vendiam armas, que compravam com o dinheiro dos saques e de aliados poderosos. Os de hoje, claro, não precisam roubar, vendem seu “produto” a milhares de pessoas iludidas com seus efeitos. Muitos policiais daquele período, que se alistavam nas volantes, fingiam perseguir os cangaceiros e por vezes praticavam crimes em seu nome. Alguns deles parecem ter sobrevivido até os nossos dias.

No cangaço não se matava gente de “posição”. Com raríssimas exceções é o que se vê hoje em dia.

Aqueles seguiam fora-da-lei, com um código de ética próprio, com punições para desobedientes e dissidentes. Praticavam seqüestros, assassinatos cruéis como degolamentos e desmembramentos. Mas, em contrapartida, alimentavam sua gente e distribuíam sobejo de saques aos pobres. Os de cá, vemos nos jornais, fazem isso todos os dias, mantendo muitos na favela com alimentos e remédios.

As mulheres amavam os cangaceiros e até faziam parte dos bandos, afinal eram livres aventureiros, ricos e perfumados. Os nossos, andam em carros de luxo, aparecem na TV e são celebrados em filmes e livros. Que garota sonhadora, aventureira e ambiciosa não os admiraria?

O povo, mesmo ultrajado, contava suas façanhas por vilas e cidades, tinha medo e admiração por aqueles homens vestidos com roupas de couro. Os de agora, metidos em roupas de marca, são admirados nas favelas e fora delas.

Eles produziram sua estrela mais brilhante: Lampião. Nós a nossa: Fernandinho Beira-Mar.

Há muito que o mito do cangaceiro revolucionário social foi desmentido. Agora é necessário eliminar a idéia de que o traficante está enfrentando o sistema e é o herói que irá subvertê-lo e transformá-lo.

Publicado originalmente no jornal O Povo (1ª vez em 25 de março de 2007 e 2ª vez em 1º de junho de 2007) 

JUVENTUDE ETERNA

Alcançamos, finalmente, a tão sonhada juventude eterna. Ou quase. Sonho perseguido desde a pedra filosofal da alquimia até o rock and roll, homens e mulheres sempre tentaram se preservar jovens, através das ervas e das artes. Talvez ter um retrato pintado de si mesmo, o qual absorvesse todos os sintomas da velhice, como o de Dorian Gray.

O Gênio da Lâmpada parece querer atender esse desejo. O avanço das ciências médicas e das ciências sociais conseguiu o que alquimistas e astros do rock tanto tentaram. Temos tratamentos sofisticados para os mais diversos males, curas para quase todas as enfermidades, cirurgias plásticas que disfarçam a ação do tempo, cosméticos que parecem milagrosos, melhores informações sobre os alimentos (que nos nutrem e nos matam ao mesmo tempo), freqüentamos academias e temos uma infinidade de remédios, até mesmo o Viagra, nada mais suficiente para se sentir jovem.

E temos conhecimento social acumulado para entendermos melhor a sociedade e o indivíduo e diminuirmos os preconceitos, vivermos em harmonia com as diferenças, aceitar que existem diversas maneiras de se viver. Aos poucos quebramos tabus sociais. Durkheim diria que é mais fácil hoje do que em sua época se sobressair ao estabelecido, não ser tão coagido a seguir o grupo. Ou que ser coagido socialmente hoje é viver como se quer, incentivado por frases do tipo "Seja você mesmo!" ou "Faça o que quiser!". Sintoma da chamada pós-modernidade. O self-service de crenças, valores e comportamentos.

Não é vergonha namorar pessoas bem mais jovens, mesmo para mulheres mais velhas que namoram rapazes. São personagens até de novelas. Nem é vergonha vestir-se como adolescentes, a moda tem seguido essa tendência. Ou freqüentar clubes da terceira idade (ou melhor idade, idoso é uma palavra maldita). Vemos idosos (desculpe-me!) com vidas renovadas no trabalho, nas ruas e nos bancos de universidades.

Cultuamos a juventude, isso é bom, somos humanos, temos medo do fim, queremos viver para sempre. E os jovens acreditam nisso.

Publicado originalmente no jornal O Povo de 02 de agosto de 2008

NO BRASIL, É ÓTIMO SER POBRE

É ótimo ser pobre no Brasil. Parece absurdo afirmar isso, mas os menos favorecidos dentro do nosso sistema econômico têm uma série de vantagens e benefícios que o Estado lhes proporciona.
A começar pela moradia. São vários os programas que dão casas para os que moram em áreas de risco, favelas ou que não podem pagar. O gasto com energia é mínimo, pois o consumidor de baixa renda conta com um subsídio que lhe dá um desconto considerável no valor de sua conta mensal. E, no campo, existem vários subsídios agrícolas para os pequenos agricultores.
Contam com um excelente programa gratuito de saúde. Através de hospitais e postos de saúde com atendimento clínico, exames, cirurgias – inclusive cirurgia plástica, tratamentos e remédios, tudo gratuitamente. Para quem mora distante há o programa Saúde da Família. Há também programa odontológico de graça. Uma pessoa de baixa renda não precisa comprar nem mesmo preservativos.
Outra coisa que têm de graça para si e para os filhos é educação, inclusive com direito a merenda e livros didáticos, podendo, inclusive, obter um diploma de nível superior numa universidade pública. Além disso, existem vários cursos profissionalizantes gratuitos para quem não pode pagar. Se quiser ter filhos e não tiver dinheiro o Estado fornece à mulher uma renda extra para que ela possa se sustentar no período da gestação e imediatamente depois. Some-se a isso os programas de transferência de renda como o Bolsa Família, Bolsa Escola, Fome Zero, Vale Gás e tantos outros. Mais tarde é possível se aposentar ganhando um salário mínimo sem nunca ter contribuído para a INSS.
Além de tudo isso ainda é possível ter lazer e atividades esportivas gratuitas. E através de ONGs e instituições de caridade é possível conseguir muitos outros benefícios. Junte-se a isso, por fim, os “bicos” nos cruzamentos.

Publicado originalmente no jornal O Povo, de 25 de agosto de 2007

CRISE DO TRABALHO

Diante dos elevados níveis de desemprego o Estado tem se tornado cada vez mais impotente, não lhe sendo possível assegurar uma política de pleno emprego, já que não pode interferir de maneira eficaz na racionalidade da economia de mercado, uma vez que o trabalho não é mais considerado, pelos novos nomes da razão econômica, o centro do processo produtivo. O Estado só pode interferir de maneira paliativa, investindo mais em políticas de proteção ao desempregado que em políticas de geração de emprego. É o que tem ocorrido tanto nas chamadas economias centrais como no Brasil.
Essa incapacidade do Estado em promover o pleno emprego, está aliada a constante crise econômica, que vem revelando que o capitalismo atingiu o ápice de sua expansão, notado pela falta de crescimento expressivo, pouco investimento em criação ou expansão de novas empresas e sim fusão de grandes corporações e produção de bens cada vez menos duráveis para acelerar o consumo.
O Estado social não pode interferir diretamente no sistema econômico, qualquer medida deve estar dentro desse sistema, o que dificulta seriamente um programa que gere emprego e renda, somando-se a isso os novos processos de trabalho, influenciados tanto pelas novas tecnologias como pelo novo modelo de funcionário polivalente, que realiza o trabalho de várias funções, obviamente ganhando por uma só. Além disso, o Estado não pode garantir o trabalho como um direito civil sem onerar a própria classe trabalhadora através dos impostos para cobrir as despesas de seguro-desemprego, previdência e indenizações. E isto se torna mais grave pelo alto índice de trabalhadores informais.
Nessa crise onde o mais importante é manter as empresas e, naturalmente, o lucro, falta espaço para manter as conquistas históricas da classe trabalhadora e para avançar em novas.

Publicado orinalmente no jornal O Povo de 30 de abril de 2007