TEMPUS FUGIT

Lá se foram 20 anos da primeira leitura de dois dos livros mais importantes na minha formação acadêmica, de dois dos autores que mais me influenciaram naquele início do meu percurso intelectual. Caetano Veloso e Leonardo Boff.
Eu estava no seminário na época, tempo que ainda tínhamos de ir às livrarias para comprar livros (ainda vou, mas tantos outros a Amazon me entrega), quando ainda tínhamos de passar horas na biblioteca da universidade para procurar o que queríamos, tempo da internet discada, em que esperávamos dar meia noite para pagarmos somente um pulso telefônico.
Ir à livraria ou biblioteca tinha algo de mágico, de descobrir novas coisas, hoje sigo todas as redes sociais das editoras, difícil ser surpreendido pelos lançamentos. Mas quando vi o relançamento da edição comemorativa de 20 anos de Verdade Tropical do Caetano e depois da também edição de 20 anos de A Águia e a Galinha, percebi que os anos passam rápido, tempus fugit.


Em Verdade Tropical Caetano traça um perfil histórico do Movimento Tropicalista do qual foi um dos iniciadores, relacionando e confundindo intencionalmente com sua própria narrativa de história de vida. Fui tomado pelas referências e a escrita extraordinária dele. Na nova edição, que ganhei na minha namorada Natália, tem um capítulo inédito intitulado "Carmen Miranda não sabia sambar", que me fez gostar ainda mais de Caetano, de sua análise do Brasil, com a qual me identifico, sem essas polarizações que vivemos hoje. Na foto mostro minhas duas edições, ambas da Cia das Letras, e o disco da época da primeira, Livro, meu favorito.


Já a edição comemorativa de A Águia e a Galinha não traz novidades, mas me relembra o texto extraordinariamente inspirador que tanto recomendei/recomendo à amigos e pacientes. Precisamos relembrar constantemente a nós mesmos que podemos ir mais longe do que nos acostumamos a ir.
Me sentindo velho por esses 20 anos que se foram desde minha adolescência? Um pouco, mas feliz por ter tido acesso a esses dois incríveis personagens da cultura e intelectualidade brasileira. Realizado por já ter estado num show de Caetano e numa palestra de Leonardo Boff. E por tudo que ouvi e li deles. A primeira edição, como mostro na foto é um pouco maior, na época já na 31º edição, Boff vende muitíssimo. Ambos pela editora Vozes, na comemorativa pelo selo Nobilis.

LANA

Fui o primeiro da família a te trazer para casa
O último a te carregar nos braços em despedida
A te tocar em adeus agora que nos deixou

Amor recíproco quando nos olhávamos
Em todo lugar dos meus dias em que você estava
Quase doze anos de sua presença

Você foi uma cadelinha muito amada
E superabundou de alegria a minha existência
Meu coração sempre será repleto de você, Lana