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NOVA PLAYBOY, NOVA SOCIEDADE

Em minha pré-adolescência não havia internet como a conhecemos agora. Desde os anos 1960 que ela vem sendo aperfeiçoada, mas somente na década de 90 é que o protocolo World Wide Web (WWW) foi criado, o que tornou acessível seu uso para todos nós. No fim da minha adolescência a gente precisava esperar dar meia noite para pagar apenas um pulso local na internet discada com aquele barulhinho mágico que lembramos com saudosismo (ou ansiedade causada por sua lentidão). Dizem que (pesquisas sérias) a velocidade da internet só tem aumentado cada vez mais por causa da difusão da pornografia e da nudez. Faz sentido.

Nos meus tempos de pré-adolescência ver mulheres nuas só através de revistas compradas em bancas. Homens nus nem se falava, não haviam revistas especializadas em nudez para o público feminino. Na verdade, acho que ainda nem existem, algumas que foram criadas atendem mais ao público gay masculino. Hoje qualquer adolescente tem em seu smartphone via internet acesso ao que bem quiser de material de nudez ou pornográfico. E gratuitamente. Nos meus idos anos tínhamos de comprar as revistas. E por sermos menores de idade a coisa dificultava.

Todos os dias eu ia a banca de revista de minha cidade para comprar HQs. Lia de tudo, tempos bons. Era apaixonado por quadrinhos. Ainda sou, mas agora estou chato e seletivo, chatice vem com a idade. E sempre via as revistas masculinas por lá, mas não podia comprar. A dona da banca jamais venderia. Então dois amigos e eu tivemos uma ideia, vamos comprar uma Playboy, basta pedir a um amigo maior de idade. Fomos até a banca, compramos algumas HQs e escolhemos olhando de longe a Playboy que nos abriria para aquele mundo até então desconhecido. E lá tinha a Playboy Bar. Eu disse, se a Playboy é boa imagina a Playboy Bar. Pedimos ao amigo e ele comprou. Fomos meus dois amigos e eu vê-la, empolgados, a caminho da escola.

A Playboy foi uma revista revolucionária, inclusive para muitos estudiosos ajudou enormemente a mudar a cultura sexual no ocidente, abrindo mentes para uma sexualidade mais natural e saudável. Afinal a Playboy não era só nudez, mas falava de cultura e estilo de vida. Quem nunca disse que comprava a Playboy pelas entrevistas e matérias e ninguém acreditava? (Mesmo que fosse verdade!). Tem um documentário muito bom no canal History sobre a importância da Playboy na cultura sexual ocidental. Vale a pena ver.

Ao abrirmos o plástico que protegia a revista a emoção aumentava a medida que calmamente fomos folhando suas páginas. Porém, com o passar das páginas cadê a nudez? A revista, garotos ingênuos, falava de bebidas! Claro, Playboy Bar! Que decepção. Rasgamos a revista frustrados e jogamos suas páginas pelas ruas da escola (eram tempos politicamente incorretos, ainda fazíamos esse tipo de coisa com o meio ambiente). Fomos pra aula e aquilo sempre foi uma cômica frustração nas minhas memórias acerca da Playboy.

Anos se passaram e muitas delas eu pude ver (sobretudo pelas entrevistas e matérias!). Teve até a edição americana cuja capa era a Marge Simpson. Histórica. E nesses anos tanta coisa mudou. Inclusive nossa maneira de entender a nudez feminina. E também de como acessá-la. As novas tecnologias proporcionaram acesso a esse material como nunca. Nosso acesso mudou e, ainda bem, nossa percepção também. Entendemos que objetificar a mulher não é algo legal e, muito menos, querer restringir-lhes o que fazem de seus corpos. Aprendemos com Foucault sobre biopoder. Ainda que, como diz aquela filósofa linda e inteligente da revista VIP, Carol Teixeira, a mulher exposta nas revistas é que tem o poder sobre o homem. Boa discussão.

Mas o fato é que tanto a chegada das novas tecnologias quanto nossas mudanças culturais, entendendo melhor sobre gênero, mudaram a Playboy. Antes ela influenciou a cultura, agora está sendo influenciada por ela. E a discussão de gênero vem sendo promovida sobretudo pelas ciências humanas. E discussão e luta social que tem mudado vidas. É o que digo para quem pergunta pra que servem as ciências humanas, digo para isso, melhorar a vida das pessoas.

No caso da Playboy americana a decisão foi de não mais publicar nudez. Não dá pra a competir com a internet.  E a primeira capa depois da mudança foi de uma jovem (que parece ainda mais jovem que a idade, imagino algo proposital da revista), que lembra uma foto do Snapchat. Claro, hoje pra quê comprar revista de alguém que você não conhece se pode ver os nudes de seu coleg@ de sala da faculdade? As redes sociais proporcionaram isso.


Aqui no Brasil a revista anunciou no fim do ano passado o seu encerramento. Novos investidores compraram a franquia e fizeram um reposicionamento de mercado. Focando na nossa nova percepção e entendimento sobre mulheres e gênero. As modelos não serão mais pagas, porque não se pode por preço nas mulheres, com isso também não haverá mais disputa de ver quem ganha maior cachê, as mulheres são iguais em seu valor. Como não serão remuneradas elas é que vão escolher como serão fotografadas, se terá nudez completa, parcial ou nenhuma e quais fotos irão compor a revista. O foco estará na mulher toda, não somente em seu corpo. Ganharão financeiramente através de contratos publicitários. 

Isso é só o capitalismo se reinventando para se adequar ao mercado? Talvez, mas mostra também que estamos avançando como sociedade. Para a primeira capa chamaram a Luana Piovani, símbolo brasileiro de mulher madura, linda, inteligente e independente. Uma espécie de arquétipo da nova mulher. Ou de um novo tipo de mulher, existem muitos, o que é ótimo. 
Esse reposicionamento de mercado da Playboy foi um ótimo tema de discussão com meus alunos da faculdade de Administração numa discussão sobre gênero na disciplina de Cultura e Cultura Organizacional.


Baixei na internet (em alta velocidade e não mais há tempos, discada) a revista para ver as mudanças, fiquei curioso, mas normalmente na internet só tem as fotos. Queria ver toda (além de não só piratear), e fui até uma banca comprar a edição, como fazia em anos passados. Foi simbólico pra mim. Relembrei da Playboy Bar. Acho que a revista precisa melhorar ainda na apresentação da mulher de forma mais completa, mas é um avanço. Estamos progredindo. 

OBRIGADO, COLÉGIO PERBOYRE E SILVA


Muitas pessoas têm os chamados sonhos recorrentes. Aqueles, que, vez por outra Morfeu, o deus grego do sono e dos sonhos repete em nossas noites. Reprises recorrentes de fragmentos do inconsciente, diria Freud. Meu único sonho recorrente, pelo menos aquele que resvala em meu consciente, presente de Mr. Sandman, é com a escola onde passei alguns anos de minha vida, o Colégio Cenecista Perboyre e Silva. Comum por muitos anos, esta reprise onírica esteve em cartaz em muitas de minhas narrativas noturnas e quiçá, diurnas também. Mesmo já na universidade era comum eu sonhar com episódios envolvendo salas de aula, colegas e professores da faculdade, como se vividos nas dependências daquela escola. Compreensível, visto eu ter passado 15 de meus anos lá. Dez como aluno e cinco como professor.

E nesses 50 anos que a escola está completando só posso agradecer por todos os frutos maravilhosos que lá colhi. Estudei com alguns colegas que foram e ainda são meus melhores amigos, como o Clodoaldo. Muito do que sou hoje são faces e facetas de minha história naqueles corredores e salas. Em estudos, conversas paralelas, fugas cinematográficas para se livrar das aulas, namoricos, discussões, brigas, elucubrações e descobertas. Foi onde descobri que não levava jeito para os esportes, mas foi também onde descobri que podia ser escritor. Aliás, foi lá que duas professoras acreditaram antes de mim mesmo que eu podia escrever. A Profa. Áurea e também a Profa. Maria Helena Russo, de quem, anos depois, eu tive a honra de ser colega.

Dois de meus melhores e queridos amigos, com quem muito aprontei nos anos de aluno se tornaram também colegas de trabalho no meu tempo de professor. Deassis e Freitas. E nesse período de professor três colegas se tornaram amigos. Allan, Paula e Ana Paula.

Vários alunos também se tornaram amigos, três deles bem próximos. Acélio, Amaury e Kellson. E juntos com Ritiélly e Vanessa, também alunas, criamos um grupo literário hoje conhecido e reconhecido na cena underground de várias partes do país, os Luminários. E folgo em dizer que todos os cinco estão hoje na faculdade, o que me deixa bastante orgulhoso deles.

Até relacionamentos amorosos tive lá.

O “colégio”, modo que nos referimos a esta querida escola, talvez por acharmos que ela seja de fato “o” colégio de Redenção, por não termos dúvida de que seja realmente o melhor, me deu, quando ainda aluno, amigos verdadeiros, aprendizagens eternas e a convicção de uma carreira através da escrita. Quando professor me deu mais amigos e também subsídios profissionais e intelectuais que emprego na política profissional do Instituto Maria Ester e da Fundação Maria Ester, as quais, entre outras áreas, atuam na assessoria educacional.

Hoje estou como admirador e agradeço por todos os encontros e desencontros que lá protagonizei e pelos episódios e cenas dos quais fui platéia. Hoje só parabenizo por suas bodas de ouro. Hoje só me delicio nas memórias de meu hipocampo. Hoje só me reencontro existencialmente nos vários colegas com quem ali contracenei como a Rosângela, o Seu Neném e a Rita. Hoje só pontuo tudo que ensinei e tudo que aprendi com meus alunos, como o Glawber, o Ézio e a Monyk (que também estão na faculdade) e tantos outros que me marcaram. Hoje declaro meu orgulho cenecista (desculpem-me as outras escolas onde já estudei, dei aulas ou oficinas). Hoje só tiro o chapéu e digo obrigado, colégio Perboyre e Silva.

Na ocasião da festa do reecontro os ex-professores foram homenageados com um cordel de autoria do poeta Ari. A estrofe que faz referência a mim, transcrevi abaixo:

Marcelo, grande amigo,
Na Literatura e Redação
Ensinava com muita garra
De acordo com a precisão,
Pois era bamba nos assuntos
Que juntando todos juntos
Causava admiração

CURRÍCULO GEEK


Já ouvi disco em LP e Compacto. Lembro-me inclusive de um disco do Balão Mágico – é, sou desse tempo, e assisti também ao Xou da Xuxa e à TV Colosso – que eu ganhei de uma prima mais velha e risquei com uma faca alguns anos depois, pois já me achava muito crescido para ter um disco como aquele. Comprei fitas K7 originais, mas gravei muitas a partir de LPs emprestados. Era o início da pirataria fonográfica. Tive Walkman de fita K7 e Discman (tragédia portátil para CD). Vi o nascimento e o declínio do cd. Passei pelo Napster e hoje, mesmo CDs que compro passo para Mp3 (não há melhor que o Ipod). Os cartões de memória e pendrives (flashdrives) são mais fáceis de transportar que pilhas de CDs, sobretudo no carro.

Já revelei filmes fotográficos em salas escuras, tive câmeras amadoras analógicas, fiz cadeira de fotografia analógica na faculdade com câmera profissional, aprendendo a usar rolos, revelá-los e ampliá-los. E ao perguntar ao meu professor se deveria comprar uma câmera dessas pra mim ele me respondeu dizendo que só se eu estivesse louco. Aquela seria a última cadeira de fotografia que a universidade oferecia sem ser digital. Hoje só uso câmera digital. Tenho uma amadora e uma semiprofissional e namoro uma profissional que fica na vitrine de uma loja do shopping Iguatemi. Câmeras de vídeo usei várias daquelas que gravam direto no VHS seja no formato convencional ou pequeno. Hoje, claro, só uso filmadoras digitais. Contudo, ainda não tive o prazer de usar uma profissional.

Comecei a escrever meus textos numa máquina de escrever portátil que ainda guardo, dada por meu irmão mais velho. Hoje posto diretamente no blog na internet. E administro diversas contas de sites e redes sociais de clientes do meu escritório. Tive vários computadores, sendo que o primeiro deles tinha um HD com capacidade de espaço nove vezes menor que um de meus pendrives atuais. Hoje uso um notebook, um netbook (tudo, na verdade, é laptop) e um desktop e ando pesquisando smartfones. Aliás, o meu primeiro celular mais parecia um peso de papel. Hoje tira fotos, tem tocador de Mp3, rádio e gravador de voz. Quando estava na faculdade ainda usei gravador de voz para pesquisas, daqueles de mini K7. Ainda o guardo comigo e os mini K7 com as entrevistas. Já usei celulares de várias marcas e de várias operadoras.

Já li centenas de livros. Em formato convencional e físico, claro. Ainda os adoro. Nunca gostei de ler e-book no computador. Ouvi dezenas de Audiobooks e agora, com meu leitor digital, pretendo aderir aos e-books. Em breve comprarei um tablet também, para ler livros e revistas em cores, sobretudo quadrinhos, outra de minhas paixões. Já comprei livros por telefone, em diversas livrarias, hoje a maior parte das minhas compras é feita pela internet, sobretudo na Saraiva e no Submarino. Já participei até de clubes de livros e de CDs por correspondência.

Sou cinéfilo. Assisti a milhares de filmes. Minha primeira ida ao cinema foi com minha irmã e minha mãe. Era bem pequeno, fomos ver um filme dos Trapalhões. Não me concentrei muito, fiquei brincando de trocar de lugar na sala quase vazia. Não foi um momento especial em minha memória. Mas hoje acho o cinema um lugar mágico. Assisti a muitos VHS, tendo de rebobinar sempre as fitas, tenho centenas de DVDs e recentemente aderi também ao Bluray (que talvez já tenha nascido obsoleto). Mas baixo da internet muitos filmes antigos que não são encontrados à venda nem para aluguel em locadoras, em formato Avi ou RMVB.

Já usei internet discada (e lenta a 56 Kbps), participei de salas de bate papo, hoje uso o MSN, com minha Banda Larga GVT ou no modem 3G da vivo. Usei até o Cadê?, mas me rendi a todos os serviços do Google. Uso Twitter, Orkut, Facebook, Formspringme, O Livreiro e outros mais.

Tive TV em minha casa quando criança tanto preto e branco como em cores. Usei tubo de tela curva, de tela plana. Hoje tenho LCD Full HD.

Videogames já usei vários consoles e joguei dezenas de games. Desde os primeiros, como Atari e Odissey, passando por Super Nintendo e Mega Drive e agora Wii, Xbox 360 e Playstation 3. Joguei games portáteis e de celular. E também joguei vários jogos de tabuleiro com amigos, que adoro. War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida, Detetive e muitos outros. Joguei até bola de gude, peão e soltei pipa. Jogo bem boliche e tênis de mesa, mas nas duas modalidades no Wii Sports Resort sou melhor ainda. Já brinquei até com tamagotchi.

Já enviei e ainda o faço, muitas cartas de amor, mas também já usei muito SMS e MMS, sou craque no teclado alfanumérico e também no QWERTY.

Tenho visto o declínio de tecnologias antigas e o surgimento de outras. Desejo assistir a esse ciclo ainda muitas e muitas vezes.

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UMA HISTÓRIA REAL


Desde os dez anos, eu cultivo uma admiração especial pelos Estados Unidos da América. Minha paixão começava nos filmes, no seu governo, no seu poder, na sua supremacia e se estendia até as revistas em quadrinhos, passando, é claro, pela música. Apliquei-me até no estudo do Inglês, no colégio e em casa. E ainda conversava com vários adultos que conheciam as faces e facetas dos EUA.

Certo dia, quando eu já devia ter meus onze anos, estava folheando a lista telefônica em minha casa, quando algo prendeu minha atenção. Ali estavam, à minha frente, os códigos telefônicos internacionais. Veio de repente a tentação de ligar para meu admirável país. Mas, e o preço? Isso não seria problema, pensei, basta ligar a cobrar. Peguei um pedaço de papel. coloquei o número nove no início, logo em seguida o código de Los Angeles (minha cidade predileta), e ainda uma combinação de cinco dígitos. Fui ao telefone e liguei. Ouvi uma voz feminina do outro lado da linha. Adorei! (mesmo sem entender uma palavra, nem dizer nada). Liguei novamente para o mesmo número. Que legal! Seria a minha expressão infantil de entusiasmo. Repeti o processo mais três vezes.

Um mês é passado, a travessura já em algum lugar no subconsciente, esquecida. Chega a conta telefônica, surpresa! Lá estavam cinco vezes a Palavra Estados Unidos. O custo das ligações? Meus dois olhos. Eu na minha ingenuidade, pensava ter ligado a cobrar. Minha mãe, na sua cumplicidade aos filhos, apenas comentou, mas alertou sobre meu pai. Fiquei apreensivo, não sabia qual seria a sua reação, nem que respostas eu iria dar às suas perguntas. Já estava escurecendo quando ele chegou em casa e nos encontramos. Ele foi logo perguntando, mas calmamente: "Para que você ligou para os Estados Unidos"? Eu, sem uma resposta interessante e satisfatória., balbuciei: "Por... curiosidade". - "Cinco vezes"? Ele pergunta. Fico calado, e para minha felicidade ele estava de bom humor. Não bronqueou nem me pôs de castigo. Mas provavelmente, eu só voltarei a ouvir um americano ao telefone, se alguma criança de lá cometer a mesma travessura, ligando para o Brasil, e acertar o número telefônico da minha casa.

MINHA MÃE LUCÍLIA


Altruísta. Seria esse o adjetivo que eu usaria para definir minha mãe em uma só palavra. Sempre dedicada aos irmãos na juventude, e aos filhos até hoje. Excelente dona de casa e “mãos de fada” na cozinha, seu talento especial, sempre fazendo guloseimas para a nossa alegria. Este ano fará 70 anos, com uma boa vitalidade, ainda que sofra de pressão alta.

De família grande e tradicional em Redenção, interior do Ceará, onde nasceu e morou a maior parte de sua vida. Bastante inteligente, estudou em colégios tradicionais de Fortaleza. Medrosa por excelência, tem medo de escuro, altura, velocidade e outros tantos mais. Sempre teve uma vida muito recatada, talvez por ser muito tímida, o que a sempre fez passar a maior parte do tempo em casa sozinha e quase nunca sair com amigas (que lhe são poucas).

Casou-se aos 22 anos e teve quatro filhos e uma filha, aos quais sempre foi muito devotada. Quase sempre parcial em seus julgamentos, coloca o amor aos filhos acima de tudo. Apego demasiado, mas sincero, às pessoas que ama, pois sempre esqueceu voluntariamente as próprias necessidades para dar-se aos filhos.

Publicado originalmente no jornal O Povo em 10 de maio de 2008.

Obs.: Encontrei a foto acima há alguns anos na coisas da minha mãe. É bem pequena, mas digitalizei e dei uma melhorada no photoshop. Infelizmente é a única foto que minha mãe tem de quando jovem.

NOVE ANOS (Para Darlan)

Sei que não podes ler nada do que escrevo, mas desejo que estas linhas tenham o poder de levar o que sinto onde quer que estejas. Adoraria ter de novo nove anos e mais uma vez te abraçar por tua volta pra casa depois de tua saída involuntária. Queria passear de novo de carro contigo, mesmo que não me dissesses nada, sabia que você queria que eu me divertisse. Queria que você me guiasse segurando no meu pescoço quando passeávamos a pé. Queria que, quando eu saísse do colégio, você estivesse me esperando e me trouxesse na garupa de sua bicicleta. Queria que me dissesses de novo, quando queria me irritar “você é o besta!” E eu respondesse “Você é o sabido!”. Queria te acordar de novo de manhã, mesmo que fosse, molecagem, com uma alfinetada. Queria de novo te pedir dinheiro. Queria crescer com você, mesmo que discordasse do que eu fizesse e brigasse comigo. Queria ter você na minha formatura.

Hoje eu queria poder conversar contigo e saber quem você é, do que você gosta, queria que você soubesse de mim. Suas antigas fotografias não me revelam tudo a seu respeito. O que me dizem não é você.

Agora é você que tem nove anos e às vezes não tenho paciência, como quase nunca temos com as crianças, mas vai estar sempre comigo como parte de você, mesmo que eu quisesse que sua vida tivesse tomado outros caminhos, os dias que me sento com você e falo bobagens para fingir para mim mesmo que estamos conversando, das vezes que lhe dou, escondido, chocolate ou outras coisas que engordam, quando lhe mostro a playboy pra que mates, parcialmente, a saudade das mulheres, que nunca esquecemos, mesmo na sua condição, de quando eu morava longe e falava com você por telefone e o arrependimento por não ter feito fisioterapia ou terapia ocupacional pra cuidar de você, mas depois do trauma eu só poderia ser sociólogo e psicólogo e cuidar dos traumas sociais e pessoais dos outros. Espero que não seja o fim e um dia eu possa te encontrar num lugar onde possas ser você e a gente se conheça como agora não nos conhecemos. Que não sejamos mais condenados a um de nós ter nove anos, que se encontrem nossos meninos e nossos homens.

Um abraço de felicidade pura como aquele que só quando crianças podemos dar.
Aos que fizeram história no SPD, Turma do War, Círculo do Inferno, Luminários e para os (pós-tudo) que continuam a fazer.

Aconteceu o que ninguém esperava. Naquela tarde e noite de sábado, o banco da praça estava vazio. Aqueles amigos que pareciam aos olhos de todos, esquisitos, que pertenciam a uma realidade diferente, haviam sumido.Ninguém soube explicar o porquê.

Aquele estranho grupo havia se tornado há um só tempo objeto de admiração e folclore da cidade. Um antigo prefeito, um dos membros da seleta confraria, mandara colocar estátuas dos mais assíduos ocupantes do banco, bem debaixo da velha árvore.

Naquela moderna e interiorana ágora mundos foram criados, teorias foram desconstruídas, sonhos foram produzidos, mulheres se inebriaram, desmaiaram de paixão.

Não se sabe o que aconteceu com aqueles baluartes. Uns acreditam que foram simplesmente embora para outra cidade, outros dizem que desistiram e se misturaram aos outros humanos, os que lhes punham mais fé e lhes acreditavam anjos, dizem que voltaram para o lar divino.

Só eu sei a verdade. Eles vieram para mudar vidas e fizeram seu trabalho. Não tinham temor por nada, a não ser por envelhecerem. Fugiram para um lugar espiritual onde isso jamais poderá acontecer...


Psicografado por Lorde Henry. De um espírito que fez parte dos quatro grupos quando em vida.

Publicado originalmente no folheto literário Do Ponto de Vista do Hipogrifo em Abril de 2008.

MASTER SYSTEM

Hoje me despedi da infância. Quem me conhece até a idade pensará como, se ele tem quase trinta? À tarde comprei um Master System. Vi o anúncio ontem, no folder do Extra encartado no Diário do Nordeste, edição de domingo. Esqueci das notícias, do editorial, do horóscopo. Voltei à infância naquela foto do encarte chamando para o dia das crianças dali a duas semanas. O anúncio discreto brilhava para mim, talvez com alguma luz que estivesse vindo dos meus olhos, energia de idos anos. Fiquei excitado como uma criança quando quer algo, que não consegue nem dormir com a ansiedade da espera. Demorei ir para a cama. Também tinha anúncio do Mega Drive, da mesma geração e, claro, dos Playstation II e III, X Box e Wii. Mas o sabor há algum tempo perdido num trauma de infância estava no Master System.

Comecei a gostar de videogames um pouco mais para trás, no seu lançamento aqui no Brasil nos anos 1980. Atari e Odissey. Preferia o primeiro. Quase todos os meus amigos tinham um ou outro. Maioria Atari, creio. E eu jogava na casa deles e do meu primo que morava com meus irmãos mais velhos. Algumas horas minguadas, afinal eles tinham ciúme da novidade. E eu tanto queria um só meu, a família podia, mas era uma época ingênua quanto à tecnologia, faz pouco tempo, é verdade, mas era. Achava-se que o uso no console estragaria o aparelho de TV. Nessa época nem tinha controle, dizem que por causa do Roberto Marinho. Tinha-se de assistir a Globo. Preguiça levantar e trocar o canal. Um dia um amigo da escola até veio à minha casa com a caixa do seu Odissey debaixo do braço para jogarmos. Minha mãe não deixou, ia estragar a TV. Desculpei-me com meu amigo e fui para um lugar da casa chorar. Ela não sabe até hoje. Eu estava perdendo aquela novidade. Quem sabe hoje fosse um profissional da área. Seria o momento e a idade oportuna. Designer de Jogos é um profissional procurado e bem remunerado. Tem faculdade disso. Ganharia mais escrevendo pra jogos que pra jornais e revistas. Bem mais. É a indústria de entretenimento número um do mundo, ganha até de Hollywood. Fiquei sem videogame, frustrado, traumatizado e com as ciências humanas.

Cheguei perto de ter meu próprio console algumas vezes. O filho de uma família amiga da minha, mais velho que eu, me deu um Atari que fora dele. Quebrado. Nunca meus pais mandaram consertar. Esteve por muito tempo na minha caixa de brinquedos. Até fingi pra amigos que era meu desde novo, mas havia quebrado. A sogra do meu irmão sempre ia ao Paraguai comprar bugigangas para vender por aqui. Os importados e lojas de 1,99 não eram comuns. Minha mãe deu dinheiro pra que ela trouxesse um Atari pra mim. Esperei ansioso as semanas que passaram. Quando ela chegou e fui receber meu tão sonhado Atari, ela não havia trazido. Disse que não achou. Desculpa, claro. Fiquei com um carro a controle remoto. Hoje penso será que foi proposital, minha mãe não deu o dinheiro e me fez escolher um maldito carro? Às vezes acredito na teoria da conspiração.

Cresci um pouco. Chegou a nova geração de consoles. Nintendo, Mega Drive, Master System. E foi criado um novo negócio, a Locadora de Videogame. Brasileiro sempre acha um jeito de ganhar dinheiro. Eram tempos economicamente difíceis. Passei muitas horas em algumas delas, pude jogar sem ter de necessitar da caridade dos amigos. Contudo, o ambiente dessas locadoras não me agradava muito. Tinha os chatos que ficavam querendo ser os melhores e davam pitaco no jogo dos outros. A evolução continuou. Veio o Super Nintendo, Nintendo 64, joguei nos dois em locadoras. Nunca comprei nenhum. O trauma permanecia mesmo na adolescência. Acentuado pelo fato de não ser por não ter dinheiro, mas por causa de uma mentalidade familiar à qual nunca pertenci em nada. Sempre fui o deslocado, depressivo, nerd, caçula. Mais tarde veio o Playstation. Nessa época já tinha meu PC, jogava nele. Até mesmo jogos dos consoles antigos emulados. Meus sobrinhos já tinham o Playstation. E eu havia me afastado das locadoras, nunca me agradaram. E assuntos outros junto com a faculdade me levaram pra mais longe dos videogames. Mas jogava no computador até a madrugada, já morava sozinho, sobretudo Tomb Raider.

A distância aumentou quando chegou o Playstation 2 e o Xbox. Os jogos deram saltos qualitativos enormes, na narrativa e na imagem e na jogabilidade e interação. Fiquei de fora dessa revolução. Nem os jogos do celular me interessavam. Nas rodas de amigos nerds sempre falávamos de filmes, HQs, música, mas quando chegava o assunto dos títulos que estavam jogando eu me calava em meu trauma, em minha distância dos jogos.

Agora tem o Nintendo Wii e o Playstation 3. E eu não sei se ainda sei jogar. Não evolui com os consoles, parei alguns capítulos atrás na construção de sua história. Mas como adulto, quase independente, tendo caminhado através de uma mentalidade própria, diferente dos pais que acreditavam até nos problemas causados pelos videogames às TVs, tenho pesquisado sobre o Playstation 3. Vou comprá-lo. Junto, claro, com uma TV de LCD. O console necessita, deu um salto grande dessa vez. Usa Blue-ray e não mais cartucho, CD ou DVD. Não vou curar minha frustração com filhos, não pretendo tê-los. Meus irmãos que nunca foram nerds compraram videogames para os filhos. Eu não gostava muito de deixar meus sobrinhos jogarem no meu computador quando estavam em minha casa. Essa semi-dependência dos pais ainda que já seja um profissional formado, quem sabe, ainda tem a ver com esse fato marcante de minha infância. Por isso hoje comprei um Master System. Queria me curar desse trauma. Não poderia ter passado direto para o PS3. E não achei um Atari. As empresas têm colocado esses antigos consoles no mercado, para pegar o filão dos saudosistas. Não sou um deles. Sou alguém com um ponto mal resolvido de sua infância. Precisava comprá-lo. Espécie de cura. Poderia ter comprado um joystick e baixar na internet todas as roms de consoles antigos. Mas eu precisava deitar na cama, jogar como teria jogado na infância.

Assim que cheguei a minha casa o liguei na TV do meu quarto. Não ia ligá-lo na TV da sala, claro. Minha mãe ficou na porta olhando, perguntou depois de alguns minutos o que era. Rispidamente disse que era um videogame. Reação inconsciente. Ela saiu imediatamente. Fucei e joguei alguns minutos. Liguei pra namorada e contei da novidade e o porquê daquilo. Passarei algumas semanas jogando, mas já prometi dá-lo para os irmãos pequenos dela. Nem sei se vão gostar, pois já nasceram com o Playstation.

Nesse domingo do anúncio do jornal estava um pouco melancólico, depressivo melhor dizendo. Decisões adultas a tomar, trabalho, independência, mudanças. Talvez por isso veio o assunto, a vontade de comprar um objeto simbólico, meu rito de passagem tardio.
Vou jogar um pouco agora. O Inglês aprendido por influência da cultura pop americana, agora me ajuda a entender e interagir mais com as narrativas. Talvez falte o entusiasmo pueril. Creio que estou curado. Cicatrizarei em alguns dias de jogo. Estou pronto para a idade adulta. Para a independência. Para os problemas próprios dessa fase. Para as fases do PS3.

P.S.: Esse foi o texto mais caro que escrevi. Vou pagá-lo em 10x sem juros no cartão do Extra. E nem é um dos melhores que já escrevi. Fazer o quê.

Jogos Favoritos: River Raid, Enduro, Free Way, Pac Man, Super Mario Bros., Sonic, Alex Kid, Mônica no Castelo do Dragão, Tomb Raider, Heart of The Darkness. Testarei a partir de hoje os do Playstation II e III, Wii e XBox.

P.S.: Já comprei e testei por dois meses o PS2. Joguei GTA, sobretudo o San Andreas, Simpsons The Game, Tomb Raider Anniversary, Midnight Club. Vendi para um primo meu.