DEXTER E O TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOICIAL (Parte 1/2)


Conheci o Dexter através do meu bestfriend e também garageano Clodoaldo Queiros. Lembro-me que ele me passou há alguns anos uns rmvbs (aleluia! Agora existe o mkv) péssimos gravados em DVD (o que é isso?). Assisti aos primeiros dez minutos do piloto sem muito entusiasmo por causa da péssima gravação. Desisti. Mas os anos e as temporadas foram passando e a pregação constante do Clodoaldo sobre a série me converteu. Com o presente de aniversário do Box com as primeiras cinco temporadas da minha namorada rendi-me totalmente. E lá se Conheci o Dexter através do meu bestfriend e também garageano Clodoaldo Queiros. Lembro-me que ele me passou há alguns anos uns rmvbs (aleluia! Agora existe o mkv) péssimos gravados em DVD (o que é isso?). Assisti aos primeiros dez minutos do piloto sem muito entusiasmo por causa da péssima gravação. Desisti. Mas os anos e as temporadas foram passando e a pregação constante do Clodoaldo sobre a série me converteu. Com o presente de aniversário do Box com as primeiras cinco temporadas da minha namorada rendi-me totalmente. E lá se foram sete temporadas. A oitava e última que estreia neste domingo dia 30 elicia mais ansiedade a cada dia em nós. 

Não é de agora que adoramos psicopatas na ficção, seja em séries ou em filmes. Mas a pergunta constante entre nós garageanos tem sido se Dexter é realmente um psicopata. Serial Killer sem dúvida, afinal as placas de vidro de microscópio que ele guarda com o sangue das vítimas são muitíssimas. Nem todo psicopata (ou sociopata) se torna violento e assassino. Muitos se tornam políticos, empresários, religiosos, advogados etc., algumas das profissões que mais atraem psicopatas segundo estudos. E vale dizer que nem todo criminoso é psicopata. 

Os portadores de transtorno da personalidade anti-social, que supostamente o Dexter tem (ele teria o tipo psicopatia), demonstram comportamentos que a sociedade consideraria inaceitáveis, tendem a ser irresponsáveis, impulsivos e falsos. São predadores sociais que encantam, manipulam e progridem na vida de modo implacável. Demonstram ausência completa de consciência e empatia, apossam-se de modo egoísta daquilo que desejam e fazem o que bem entendem. Não sentem culpa ou arrependimento. Contudo, no dia a dia parecem perfeitos e interessantes, sempre elogiam os outros e parecem se interessar realmente por quem está perto. São eloquentes e encantadores. Levam rosquinhas para os colegas como Dexter! São dois mundos distintos. O da aparente perfeição em meio aos outros e monstros em seus universos paralelos. O certinho Dexter se parece muito com essa descrição geral, ainda que não tenha todos os itens que listei, o que não seria necessário para um psicodiagnóstico. 

A grande questão explicitada na série é se a psicopatia é causada por questões genéticas ou ambientais. O bárbaro assassinato da mãe de Dexter, o qual ele assistiu, tá sempre presente. E a motivação, mesmo que bem intencionada de seu pai adotivo em ensiná-lo a matar sem ser pego é algo a se pensar. Afinal ele aprendeu a ser assassino assim? Numa perspectiva behaviorista, talvez. Mas e o impulso que ele tinha desde adolescência? A psicopatia afeta 1% das mulheres e 4% dos homens no mundo e começa em geral por volta de 13 anos. A série tá correta nesse sentido. Em estudos com gêmeos houve correspondência genética em 30% dos casos, mesmo sem ambiente compartilhado. O irmão do Dexter como vimos é até pior que ele. As tendências psicopáticas parecem ser herdáveis na infância, sem influência do ambiente. Há casos de crianças psicopatas mesmo antes dos 13 anos. Ainda que o ambiente sempre seja um fator importante, o comportamento antissocial é em grande parte genético. 


Em pesquisas de genética molecular sobre a personalidade (algo novo em que as ciências do comportamento estão inseridas), há relatos sobre uma associação entre um marcador de DNA para um determinado gene receptor (DRD4, receptor de dopamina D4) e o traço de personalidade de procura de novidade, que está relacionada com indivíduos impulsivos, inconstantes, nervosos, exaltados e extravagantes. A procura por novidade envolve diferenças genéticas na transmissão de dopamina. Ou seja, traços da personalidade são detectáveis em nível molecular! Além disso, em relação à neurofisiologia, psicopatas tem menos conexões entre o córtex pré-frontal ventromedial, uma parte do cérebro responsável por sentimentos como empatia e culpa e a amígdala, relacionada ao medo e ansiedade.

Para um psicodiagnóstico do Dexter usarei os critérios do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) já que obviamente não posso entrevistá-lo ou aplicar testes psicológicos ou usar quaisquer outros critérios de uma avaliação psicológica. Mas só no próximo post, depois da season première de domingo. Aguarde. 

PUBLICADO INICIALMENTE NO BLOG GARAGEM DINÂMICA