CORAÇÃO AZUL

Insisti na magia dos seus olhos
Ponte para um universo paralelo
Com portas abertas para um teatro mágico
Algo inexplicável gritava com seu sorriso
Do palco que não resiste ao método científico
Das luzes de corações azuis
Mediados pela fibra ótica flutuante
Mesmo que dali a 81 dias resistente

Performances jogaram corpos em descoberta
Cortinas se abriram para o indefinido
Momento mágico de um quarto
Explosão quântica de um universo incontido
Dali em diante se desconheceu a forma
Virou epistemologia de movimento antropofágico
Ao sabor metafísico de chocolate numa torre
Luz rápida 1/8000 no obturador da câmera

Enamoramento que transborda em abraço
Laço que prende os ponteiros do relógio 
Conexões neuronais focadas no espetáculo
Dos nexos todos estelares contidos nesse ato
Descartes errou, assim como Damásio
A magia transcende as teorias e as evidências
Percepção confunde palco e plateia
E a sinestesia pinta 8 horas em tons de azul

LANÇAMENTO DO LIVRO PSICOLOGIAS EM REFLEXÃO



Lançando no Shopping Rio Mar Fortaleza o livro Psicologias em Reflexão, revista científica da Academia Brasileira de Psicólogos Escritores. Escrevi o artigo Neurofeedback no Tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade em parceria com meus colegas Eduardo Menezes, Bruno Ceppi e Sarah Roriz.


ARTIGOS NA REVISTA "EDUCAÇÃO EM PAUTA"


Alguns artigos meus na revista Educação em Pauta, publicação do SINEPE-CE (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará). 

Afinal, o que é TDAH? | nº 91 - Link pra ler Online

Nova Técnica no Tratamento do TDAH | nº 93 - Link pra ler Online

Um Olhar Crítico Sobre Transtornos que Afetam a Aprendizagem | nº 95 - Link pra Ler Online

THE GOOD DOCTOR


Sabe aquelas séries que já nos primeiros minutos te prendem e você tem certeza que irá acompanhá-la até o ultimo episódio, mesmo que tenha várias temporadas e se passem anos? The Good Doctor é uma delas. E não só porque o personagem principal é um jovem médico autista, nem porque é do mesmo criador de House, mas porque é brilhante, sensível, correta.

Interpretação irretocável do ator britânico Freddie Highmore, sem estereótipo ou caricatura. A série nos faz pensar sobre as possibilidades laborais de autistas, uma preocupação constante desde que a família recebe diagnóstico, sobretudo dependendo do perfil dentro do espectro.

O jovem médico atém de TEA tem savantismo, condição rara de um tipo de inteligência muito acima da média. Oliver Sacks fala disso no livro Um Antropólogo em Marte, do qual já falei aqui. Não é o caso da maioria das pessoas com autismo, ao contrário, boa parte delas está abaixo, com frequente comorbidade de Deficiência Intelectual. Segundo estudos a prevalência seria em 70% dos casos, mas há críticas metodológicas às avaliações de inteligência em pessoas com TEA.

Espero que seja renovada para novas temporadas, e a julgar pela ótima audiência, superou até mesmo The Big Bang Theory na audiência americana (falarei do Sheldon e seu possível autismo em outro post), é provável que sim.

A série é baseada na original coreana, sendo pra maioria de nós ocidentais o remake é melhor, pelo menos pra mim, já que a plástica e interpretação está mais próximo do que estou habituado. O canal no YouTube AKTVasta fez um vídeo comparando os personagens das duas versões. Vale a pena ver, confira abaixo:



Publicado Originalmente em (Adaptado): Tons de Azul

TEMA AUTISMO NA SÉRIE HOUSE


Quem me conhece sabe que minha série favorita é House. Sobretudo pelo personagem, que, segundo amigos próximos se parece comigo, imagino que mais pela ranzizisse que pela inteligência.

Outro dia descobri um site americano que calcula a quantidade de tempo que se leva pra ver uma série (http://tiii.me/). No caso de House, com suas 8 temporadas, se leva 5 dias, 9 horas e 48 minutos. Como já vi cada episódio várias vezes, já devo ter passado cerca de dois meses só vendo essa série. Nem vou somar as outras que gosto.

Enfim, em três episódios o autismo é citado. Um deles, na quinta temporada, o foco é uma professora numa sala de educação especial. O aluno autista tem breve participação (5ª Temporada, episódio 13 - Big Baby).

Em outros dois o foco está em personagens/pacientes autistas. Ambos na 3ª Temporada. Em Rabiscos na Areia (Lines in the sand), House assume o caso de um garoto autista não-verbal. No outro, Meia Capacidade (Half-Wit), o paciente é um músico autista com Savantismo.

Curioso que em Rabiscos na Areia o próprio House é comparado ao autista por seu inseparável amigo e também médico, Wilson, que mostra que House pode ter Asperger. Faz sentido se considerarmos muitos dos comportamentos dele vistos ao longo da série.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

PODCASTS SOBRE AUTISMO


Um das maneiras mais legais de produzir conhecimento com o acesso fácil aos meios de produção e distribuição via Internet é o Podcast. Eu mesmo gravei dezenas com meus amigos da Garagem Dinâmica, startup de produção de conteúdo que fundei anos atrás com eles. O nome do Podcast era Papo de Coreto. Nossas muitas obrigações profissionais e acadêmicas, no entanto, fecharam as portas temporariamente da garagem, mas muitos outros podcasters que gostamos continuam na ativa.

Um deles, as meninas do Mamilos, que faz parte do grupo B9, é um dos que mais discutem temas bacanas através dessa mídia. Nessa semana pra minha surpresa e alegria (clichê verdadeiro), elas falam sobre Autismo. Com a participação de uma Neuropsicóloga (uruu!) e uma jovem autista de alto funcionamento (asperger) e de algumas mães, o programa tá massa. Fica a dica. É só clicar no link abaixo e ouvir em streaming ou baixar.



Outro Podcast Bacana, do meu colega na clínica Núcleo Tríplice, Odilon Duarte, com participação de outra colega da Tríplice, Lidianne Queiroz, especialista em Transtorno do Espectro Autista, o ACeará CAST, também trouxe em sua 41ª Edição, o tema autismo. Ouça ou baixe no link abaixo.


Publicado Originalmente em (Adaptado): Tons de Azul

POWER RANGER AZUL

Como já mencionei antes, busco inspiração acadêmica via arte, através de livros, filmes e quadrinhos (e fotografia!). Além de textos acadêmicos, venho escrevendo e participando de projetos artísticos e profissionais paralelos sobre TEA. Ainda falarei deles por aqui.

Um filme bacana que assisti recentemente foi Power Rangers (2017), que estreou em março desde ano. E não foi para matar a saudade do original, foi pura pesquisa! Embora eu tenha uma amiga ex aluna que adoraria ser a Power Ranger Rosa, eu particularmente nunca fui muito fã.

Mas essa releitura da série trouxe um elemento interessante, o personagem Power Ranger Azul (da foto, cujo boneco procurei por uma promoção, mas acabei pagando caro) foi construído como alguém com autismo. Muito bem interpretado pelo ator RJ Cyler, que se destacou tanto na trama, como fazendo o papel de um autista bastante convincente. A ideia de ser o azul também foi legal, visto que é a cor símbolo do autismo.


Publicado Originalmente em: Tons de Azul

"ATYPICAL" DA NETFLIX


Mandei um SMS agora há pouco pra minha amiga Iara especialista em TEA, pois é, quem ainda usa SMS, mas ela está desconectada do WhatsApp, tá magoada comigo. Eu disse na mensagem que quando ela vir Atypical, que ela leia algumas das frases do Sam (Keir Gilchrist)  como frases que eu mesmo poderia dizer pra ela, ou que já tentei dizer. Sobretudo quando ele diz que as pessoas acham que autistas (ou pessoas com autismo, tanto faz, a série também traz essa discussão), não têm empatia, que não percebem quando magoam alguém, já ouvi isso, que não gosto de ninguém.

A verdade é, diz Sam, é que percebem, mesmo sem saber as vezes o porquê, mas percebem muito mais intensamente que neurotípicos. É só lembrar de episódios com o House ou o Sheldon. Acabei de maratonar a série que estreou ontem. Que pena que é tão curtinha, somente oito episódios.

Ainda a reverei para pensar em mais detalhes, mas gostei muitíssimo. E se eu colocasse numa só palavra do que trata a série, seria de amor. De relacionamentos e de família. Não importa que o protagonista seja alguém com autismo, a série fala a todos. Mas é ótimo poder ver o tema em uma série tão bem produzida, dirigida e tão bem interpretada (por todos da família). Imagino até que algum dos roteiristas deva ter autismo ou tem algum familiar, porque a série tem sutilezas que só quem convive de perto sabe, tanto da questão da topografia dos sintomas (muito bem representadas), quanto de questões familiares e políticas.. 

Sam é de alto funcionamento, tem altas habilidades, quem sabe em outras temporadas (Netiflix por favor renove!) veremos outros exemplos do espectro. Quem sabe autistas reais como autores, o que seria ainda melhor.

Vale a pena ver, uma ótima maneira pra pensar sobre famílias que convivem com filhos autistas (que viram muitas vezes o centro das atenções e todos sofrem com isso), com seus conflitos, dramas, sobre inclusão escolar (que ideia incrível pro baile!), sobre aceitação na sociedade. Uma série sobre pessoas. Sobre todos nós.

VEJA O TRAILER:


Publicado Originalmente em: Tons de Azul

TEMA AUTISMO NA NETFLIX

Estreia essa semana na Netflix, no dia 11 de agosto, a série Atypical, que foca o cotidiano de um adolescente autista e suas dificuldades em lidar com as demandas da vida, típicas de um jovem entrando na idade adulta. Falarei mais da série futuramente.


E pra quem gosta da Netflix, existem outros filmes e séries que tocam na temática do autismo. Um deles, Asperger’s Are Us (2016), é um divertido documentário sobre um grupo de jovens autistas (dos que se consideram aspergers ou aspies) americanos que fazem apresentações de comédia. Sim! Comédia feita por autistas, vale a pena assistir. As cenas gravadas das performances são hilárias, assim como o próprio processo de criação e suas dificuldades, foco do filme.


Outro filme interessante, nesse caso na categoria ficção, mas baseado em fatos reais é O Farol das Orcas, produção espanhola e argentina de 2016 que narra a história de uma mãe que leva seu filho autista de 11 anos da Espanha para a Patagônia argentina depois que ele viu um documentário sobre um santuário de baleias e demonstrou uma reação emocional pela primeira vez. Um excelente exemplo de como pais de crianças com autismo fazem de tudo para ajudar no desenvolvimento de seus filhos.


Também disponível no serviço de streaming com personagem autista é a série Touch, de 2012, anteriormente exibido pela Fox, tendo duas temporadas. Focada mais no estereótipo do autista com altas habilidades matemáticas, a série traz bom divertimento, mas pouco conhecimento sobre o autismo real.


Publicado Originalmente em: Tons de Azul

VIDA ANIMADA


Em fevereiro deste ano, a 89ª edição do Oscar trouxe o documentário Vida, Animada (Life, Animated - EUA/França, 1h29min), como um dos indicados na categoria Melhor Documentário em Longa-Metragem.

O filme, disponível na Netflix, não conquistou o prêmio, mas ajudou a trazer mais visibilidade para o tema Autismo. Contando a história de Owen Suskind, um menino autista que ficou sem falar por anos, e que aos poucos passou a se comunicar através dos conteúdos de filmes animados da Disney, o documentário emociona por vermos a família engajada na luta para se comunicar com ele e ajudá-lo a se tornar funcional.

Com cenas reais gravadas pelo pais quando ainda era criança a narrativa se mescla ao Owen já um jovem adulto, se preparando para se formar no Ensino Médio (High School), ir morar sozinho e trabalhar.

O documentário se baseia no livro Vida Animada: Uma História sobre Autismo, Heróis e Amizade, lançado este ano no Brasil pela editora Objetiva. O autor é o pai de Owen, Ron Suskind, jornalista americano famoso e premiado com um Pulitzer, um dos mais importantes do jornalismo americano.

A narrativa da experiência de sua família desde o diagnóstico até a idade adulta de Owen é tocante, inspiradora e tem uma escrita agradabilíssima. Vale a pena ler.  E pra quem, assim como eu, sempre foi fã da Disney, tando das animações quanto dos quadrinhos, se torna ainda mais interessante.

VEJA O TRAILER:


Publicado Originalmente em: Tons de Azul

MEU MENINO VADIO


Tem sido comum encontrarmos livros de relatos de mães e pais de crianças com autismo sobre sua trajetória com essas pessoas especiais que muitas vezes transformam famílias inteiras.

No entanto, é claro que nem tudo é alegria e mudanças existenciais. O caminho é por vezes acidentado, cheio de dúvidas e sofrimento. Nem todos os familiares experienciam somente as alegrias de tem um filho “diferente”, e muitas vezes até se sentem culpados por não sentirem a exultação descrita por outros pais.

No livro Meu Menino Vadio (Intríseca) do jornalista Luiz Fernando Vianna encontramos um relato de uma sinceridade tocante. Muitas vezes descrevendo com um tom realístico que chega a causar incômodo, situações vividas por ele e seu filho com autismo, bem diferente dos relatos em geral românticos, de superação e redenção final. Nada contra estes, mas assim como cada autista é único, cada família experiencia a situação de modo distinto.

Um livro que causa desconforto, como causam todos os bons livros, que nos faz pensar em todas as transformações trazidas por essas pessoas especiais sobre as quais ainda estamos aprendendo acerca de seus mundos. E que nos ensinam constantemente também sobre nós mesmos.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

REVISTA MENTE & CÉREBRO - AUTISMO


Todos os meses cumpro o ritual de ir à Megastore Saraiva do Shopping Iguatemi pra comprar a revista Mente e Cérebro (E também a Psique) pra saber das atualizações nas áreas neuro e psi.

Nos últimos meses, a maioria dos números traz algo sobre Autismo. Na edição 289 há uma matéria sobre pesquisas genéticas em Saúde Mental, financiadas por comunidades religiosas (!) amish e menonitas nos EUA, que podem ajudar a entender e prevenir transtornos como autismo. Lembrando que essas comunidades vivem praticamente isoladas e com casamentos consanguíneos, que favorece transtornos mentais (o que seria uma linha a que eu utilizaria nas minhas pesquisas nos Kanindé de Aratuba, cujos matrimônios e constituições familiares são sempre circunscritas à comunidade).

No número 290, conhecemos o projeto 29 Acres em Dallas, no Texas, que pretende abrigar autistas adultos, previsto para inciar ainda este ano de 2017. A futura vida adulta é uma das preocupações constantes de pais de crianças autistas.

E essa preocupação também pode ser vista na edição 291, na matéria que fala sobre os desafios para jovens adultos autistas entrarem no mercado de trabalho. Projetos também nos EUA estão atendendo a esse público e ajudando-os a se preparar para o ingresso no mundo do trabalho, inclusive via Universidade.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

OUTRA SINTONIA


Um dos meus lugares favoritos certamente é a livraria. Várias em Fortaleza, incluindo sebos como o do Geraldo no centro da cidade. Tenho percepções diferentes quando vou à Livraria Cultura, Leitura e Saraiva, cada uma gosto de ir em uma situação/humor específicos.

Sempre li de tudo, creio que como sociólogo e psicólogo tenho de estar por dentro de vários assuntos, mas, claro, tenho minhas predileções e, muitas vezes, meus hiperfocos e manias. No momento obviamente é o Autismo, por questões acadêmicas e de trabalho.

E muita coisa tem saído sobre o tema, tendo tanto ótimos trabalhos quanto descarados caça niqueis dos pais e interessados no assunto. Tem até prateleiras nas livrarias dedicadas exclusivamente ao tema.

Mas essa semana tive uma ótima surpresa ao achar da editora (uma de minhas favoritas) Cia. das Letras o livro  Outra Sintonia: A História do Autismo, de John Donvan e Caren Zucker, jornalistas americanos que contam em quase 700 páginas, numa narrativa fascinante, a história do autismo.

Ainda não acabei de ler, mas estou extremamente entusiasmado pela narrativa e quantidade de informações históricas e discussões que me interessam diretamente em termos de saúde mental e educação. Certamente será um dos livros que mais citarei na minha dissertação e demais trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

A DIFERENÇA INVISÍVEL


Nunca consegui me aproximar de um tema de estudo sem ir em busca de tudo que estivesse relacionado, seja em qualquer mídia. Nem sempre temos o melhor entendimento de um assunto só através de textos acadêmicos. Muitas vezes um texto de divulgação científica ou uma matéria para leigos ajudam muito mais. Além de músicas, filmes, literatura de ficção, games e HQs…

Sim, HQs, Histórias em Quadrinhos, que, ao contrário do que muita gente pensa, não são só para crianças e adolescentes. Têm de diversos gêneros e para todas as idades. Um dos que mais gosto são as HQs autorais (sou fã e colecionador de quadrinhos, além de já ter pesquisado na área também, mais especificamente mangás, os quadrinhos japoneses), normalmente com histórias baseadas na própria experiência do autor, narradas em primeira pessoa.

Publicada recentemente pela Editora Nemo, que tem lançado diversas HQs de cunho mais autoral e pessoal dos artistas, A Diferença Invisível das francesas Mademoiselle Caroline e Julie Dachez traz a história de Marguerite (alter ego de Dachez), que foi diagnosticada como tento Asperger aos 27 anos.

A narrativa tem uma sensibilidade tocante e poética e consegue ser, ao mesmo tempo, informativa sobre esse tom do espectro autista. Lembrando que nem todos concordam em ainda usar o termo Asperger (ou Síndrome de Asperger), cunhado por Lorna Wing em 1981, psiquiatra inglesa e mãe de uma criança autista em homenagem a Hans Asperger que em 1944 descreveu formas leves de autismo.

Muitos dizem, a partir do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - Quinta Edição na sigla em Inglês), que o Transtorno do Espectro Autista descreve todas as características de qualquer nível. Porém muitos outros, sobretudo pessoas com esse tipo de autismo gostam de se identificar como aspergers, ou aspies, como a própria autora da HQ. Nesse sentido me identifico em muito com a HQ num nível pessoal.

Além de uma gostosa leitura, certamente estando agora na minha lista das melhores HQS de qualquer gênero na minha opinião, é um excelente modo de aprender mais sobre alguns tons do fascinante mundo do Transtorno do Espectro Autista.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

VEJA AUTISMO


A despeito das diversas controvérsias entre meus colegas de ciências da saúde e ciências humanas acerca da parcialidade/imparcialidade da revista Veja em relação à política, fiquei feliz ao saber que a edição dessa semana trazia como matéria de capa o Autismo.

Fui ainda ontem (sábado) à uma banca da Praça Portugal (Fortaleza) ver se já havia chegado, mesmo sabendo que o dia normal de chegada à banca é hoje. Mas a viagem não foi totalmente perdida, coincidentemente o dono da banca é pai de um menino com autismo. Tivemos uma boa conversa, ele, Iara (que estava comigo e tem conexões pessoais e profissionais comigo e com o Autismo) e eu. Aliás, Iara, obrigado por comprar a revista hoje cedo pra mim!

A matéria é bem curta, mas bem fundamentada no que se sabe (e no que ainda não se sabe) sobre o TEA. Todas as redes sociais de associações de pais e amigos de autistas têm repercutido a matéria, inclusive ontem mesmo já havia o PDF da matéria circulando pelos grupos do WhatsApp.

A matéria traz ainda mais visibilidade para o assunto, inclusive com pistas interessantes para pesquisas acadêmicas interessantes para mim.

Link para a Revista: Autismo: os avanços científicos por trás de um grande enigma

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

TEMPLE GRANDIN


Temple Grandin é uma celebridade mundial, tanto por suas contribuições ao campo da Zootecnia, quanto por suas pesquisas e ativismo em relação ao TEA (Transtorno do Espectro Autista. O filme Temple Grandin, de 2010, produzido pela HBO, conta uma parte de sua trajetória, sobretudo a acadêmica, que vai do diagnóstico médico na infância de que nunca falaria, até sua entrada no mestrado. Posteriormente Temple também obteve seu doutorado em Zootecnia.

A superação do diagnóstico inicial se deveu sobretudo a forte atuação de sua mãe, que reflete em grande medida o ativismo intenso de pais de filhos com TEA em todo mundo, que tem conseguido visibilidade, legislação especifica e políticas públicas para os autistas.

O filme é inspirador par qualquer pessoa, mesmo sem contato com TEA. E eu diria especialmente para se pensar também questões de saúde mental e de gênero, já que Temple precisa em sua jornada superar tanto o preconceito com sua condição mental, quanto também o preconceito por ser mulher numa área profissional dominada por homens.

A atriz que faz o papel de Temple Grandin está espetacular, tendo ganho diversos prêmios, assim como o próprio filme. Claire Danes é conhecida por sua atuação na série Homeland e no filme Romeu + Julieta de 1996 em que contracena com Leonardo Dicaprio, entre vários outros.

Feito para TV e não para o cinema, teve um alcance menor no grande público, ainda assim com bom reconhecimento. Pode ser visto pela HBO Now e HBO Go, além de outros vídeos sobre os bastidores e entrevistas com o elenco. Link: http://www.hbo.com/movies/temple-grandin

VEJA O TRAILER:

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

UM (A) ANTROPÓLOGO (A) EM MARTE


A primeira vez que tive alguma leitura sobre TEA foi com o livro do neurologista Oliver Sacks Um Antropólogo em Marte, em que, no capítulo com o mesmo título, narra seu encontro com Temple Grandin.

Temple é citação obrigatória em palestras e textos sobre TEA, pelo menos dos cálculos de minha própria estatística subjetiva. Autista notável, tem PhD em Zootecnia e é responsável por muitos dos protocolos de tratamento humanizado no manejo e abate de gado.

Comprei o livro por acaso, daqueles que compramos simplesmente por causa do título, na época estava na faculdade de Ciências Sociais e embora soubesse que Oliver Sacks era neurologista, achei que houvesse alguma referência à Antropologia como ciência. Não havia. E o livro foi esquecido na estante.

Já na faculdade de Psicologia, onde somente uma única professora falou sobre TEA, numa única aula, e de forma bem superficial e caricata, voltei a me interessar pelo assunto. Sobretudo porque, paralelamente estava fazendo meu primeiro mestrado, cujo foco era Políticas Públicas e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade). E o autismo, quando se fala em TDAH, naturalmente vem à tona. Tanto por questões de diagnóstico diferencial, quanto de comorbidade.

Voltei a consultar o livro esquecido, mas não tão empoeirado, dado as diversas mudanças de lugar de minha biblioteca nos últimos anos. Porém fiquei no capítulo “Prodígios”, em que o autor fala de savantismo, que para muitos é um tipo de TEA – Inclusive para Sacks, aqueles com capacidades intelectuais bem acima do normal. Como entre meus interesses de pesquisa a inteligência é um dos principais, o capítulo se tornava mais interessante.

Porém, há alguns dias, por causa das minhas novas pesquisas acadêmicas, li o capítulo “Um antropólogo em Marte”, que, como disse, dá nome ao livro, que reúne histórias de casos neurológicos incomuns, característica dos livros de Sacks, que, é bom ressaltar, tem uma escrita deliciosa. Vale a pena ler seus livros, até para refletirmos sobre nós mesmos, nossas identidades e subjetividades a partir de casos que destoam do esperado. Seu mais famoso é Tempo de Despertar que deu origem ao filme de mesmo nome, com com Robert De Niro e Robin Williams. Mais recentemente também publicou, um pouco antes de sua morte em 2015, sua autobiografia chamada Sempre em Movimento: Uma Vida. No Brasil todos os seus livros são publicados pela editora Cia. das Letras.

Temple diz para Sacks que a maior parte do tempo se sente como uma “antropóloga em marte”, dada a dificuldade de entender as emoções complexas e jogos emocionais em que as pessoas se envolvem. Daí o título tão curioso. Embora na tradução o mais correto fosse uma antropóloga em marte, contudo na nossa linguagem e cultura muitas vezes machista o título poderia não ser “vendável”, mas pelo menos não leríamos uma mulher se chamando de antropólogo no texto. Como anthropologist é neutro em inglês como neurologista ou psiquiatra em português os editores poderiam ter feito uma adaptação mais adequada.

No entanto, o capítulo é uma ótima aproximação inicial sobre TEA, sobretudo por ter informações científicas, mas contadas numa narrativa agradável, com uma personagem real e interessante em muitos aspectos, inclusive em sua especificidade autista.

Publicado Originalmente em: Tons de Azul

Sd – R – Sr+

O peso da sua espontaneidade
Sobrecarregou meus protocolos

Sua força gravitacional em minha existência
Desvelou meu espectro
Forçou a atração do meu casulo

Do meu eu otaku
De mim comigo mesmo
Do meu próprio mundo
Do meu eu DSM e CID
Medos disfuncionais

Bagunçou meus livros na estante
Classificados segundo Dewey
Me fez ver DivertidaMente
Apontou minhas emoções
E eu as procurei nos indexadores acadêmicos
Descritores racionais da poesia do agora

Você é peso, é força
Contestação de minha metodologia

Pela primeira vez a caminho do sol
Mistério da criação de vida
Com uma ou outra explicação científica
Da força de sua presença
“Do bem que você promove a este ser antes estéril”
Como na canção de Erick Oliveira* que mandei pra você

Sd – R – Sr+
Caos beijando cosmos
Perdi minhas referências
Embaralhei minhas crenças

Meu devir porém
Deseja sua espontaneidade constante
A capturar meu sorriso

Não me limito mais aos conceitos
Experencio a existência
Mesmo através da raiva
Amor...
Tomás de Aquino não é só mais um livro na estante
Não mais só aula de filosofia

Você decolonizou minhas paixões
Oprimidas há tempos pelo meu tão concreto cérebro

Grafitou minha neurobiologia
Poetizou meu ser tese
Coloriu meus tons de azul

Estou andando sem meus mapas
Sem meu Waze
Sentindo e não só pensando
Chega de trilhos de trem
Quero trilhas com você


*O Bem-Ser, canção perfeita do meu amigo e cantor incrível. Curta: Erick Oliveira