O OUTRO

o heterossexual criticou o
homossexual que estranhou o
bissexual que não entendeu o
pansexual que riu do
transexual que denunciou o
pedófilo que se indignou com o
zoófilo que repudiou o
masoquista que ridicularizou o praticante de
swing que desaprovou o
voyeur que se enojou com o
coprófilo, que censurou o
gerontófilo, que se surpreendeu com o
necrófilo, que rejeitou o
heterossexual que...

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # Edição Extra (Setembro de 2007) do grupo literário Luminários.

ESCOLHAS PROGRAMADAS

Seu brado será para montanhas distantes
Num dia frio que ela resolver subir o topo do mundo
Ela talvez o odeie
Ela talvez pense que ele foi seu único e verdadeiro amor
Coisa de mulher
Quem sabe trará consigo netos
Ela pensará nas escolhas dele
Fragmentos de dias passados dançarão em câmera lenta
Um desejo por um cigarro a incomodará
Ela se dará um abraço sentindo sua pele flácida
Algo a dirá que já foi feliz
Com novo sorriso pensará nas escolhas
E questionará se há destino
Terá esperança de uma nova vida
Sonhará com recomeços
Lembrará de seu jovem rosto
Dos olhos que a desejavam
Quererá voltar nas eras
Desejo de parar no tempo
Naquele dia que tudo pareceu perfeito
Que o beijo dele a apresentou aos devaneios
Seus olhos estarão no horizonte
Mas ela só verá os olhos sinceros dele
Ela saberá que foi de verdade
Ele a amou
Mas ele não se encaixava em planos
Não era possível decifrá-lo
Talvez não fosse possível que ele gostasse de alguém
Como se espera que se goste
Ele fora dado ao mundo
Um de seus netos talvez pergunte por que ela chora
Ela pensará na benção da vida
Efeito de perguntas inocentes
E pensará por que ele não acreditava
Por que ele se angustiava tanto
Que segredos existenciais ele sabia
Porém, mais que tudo,
Ela pensará se poderia ter dado certo entre eles
Se poderiam ter sido um casal comum
Se ele poderia consertar objetos caseiros quebrados
(O homem com quem casou é assim)
Concluirá que não, que quem ela amou
Amou por ser assim indecifrável e indeciso
Indiferente a problemas práticos e cotidianos
Que ele não caberia numa só ficção
Ele mesmo criava histórias
E algumas de suas melhores escrevera com ela

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 18 (Nov/Dez de 2007) do grupo literário Luminários.

DESESPERANÇA

mais uma vez alcoolizado
(única maneira de sobreviver!)
som do Era
luz de velas
um quarto fechado
penso no fim
penso no fim
penso no fim

tesão
(ainda vivo?)
oro para a Esperança
masturbo-me em sua intenção
ela me diz algo quase imperceptível
baixinho como queiram
foda-se! (sua voz suave)

ilusões incoscientes
medos dos pais
(nos destróem como quem sabe a verdade)

sucessão de acasos
disseram maktub
inócuo como dizer eu te amo

nada faz sentido
já haviam descoberto
mas o Departamento da Mentira
nos apagou a memória
e a Esperança, vadia,
se vendeu ao sistema
e me estupra
e enquanto gozo, creio
ela é profissional

acendo um cigarro
e me acredito vivo, imortal
(só porque escrevo esse poema)
mas creia-me
na eloqüência que só os drogados possuem
não sou mais que meu cérebro
(que podia estar até numa lata)
não vou a lugar algum
(nem você, seja quem for)
o fim é realmente o fim

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 17 (Set/Out de 2007) do grupo literário Luminários.

DRUMMOND 1

Quando nasci um anjo nerd,
desses de óculos e muitos livros
escreveu em se blog celeste:
“Aquele nasceu pra ser esquisito”
E venho em diferenças,
em leituras,
em músicas
em filmes
em games
que ninguém mais vê.
E riu o anjo geek comigo e de mim
na linguagem engraçada das orações:
“Tu nasceste Lisa Simpson.”
E sigo na sina de ser estranho à
família, aos outros, ao mundo,
em mais livros, em sonhos,
que ninguém conhece, que ninguém tem,
seguindo à parte, à margem,
nos guetos dos iguais
imperceptível,
mas vivendo por querer.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 16 (Jul/Ago de 2007) do grupo literário Luminários e no zine Portas para Poesia e Prosa (Outubro de 2007).

DRUMMOND 2

Quando nasci o anjo da inspiração suspirou:
“Cansei! Lá vai mais um a parafrasear Drummond”
E me disse um sermão:
“Adélia Prado viu o lado feminino, até gostei.
Chico Buarque pôs música e aqueles olhos verdes, já nem sei,
Torquato Neto briguei, Inglês?
Coitada da língua de Drummond
Já de você nada esperei, mas pensei, Nerd? Por que não?
Também tenho minhas esquisitices.”

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 16 (Jul/Ago de 2007) do grupo literário Luminários e no zine Portas para Poesia e Prosa (Novembro de 2007).

DRUMMOND 3

Quando o anjo nasceu eu é que pensei
Coitado, será esquizofrênico,
pois torto, esbelto, louco, safado e até nerd,
terá, no mínimo dificuldade
em saber sua identidade.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 16 (Jul/Ago de 2007) do grupo literário Luminários.

GATO NO TELHADO (De uns 15 anos atrás)

Na hora do sono profundo
Vem aquele sonho gostoso
Damos a volta ao mundo
Esquecendo os problemas

Andando pelo telhado
Vem o gato malhado
Quer acasalamento
Se divertir por um momento

Começa a miar
Fazendo a gente acordar
Que gato chato!
Eu quero descansar

Vai embora gato!
Perturba o vizinho
Olha que eu te mato!
Deixa eu voltar pro ninho

Ele vai embora
E volto a dormir
Que gato danado!
Nunca mais quero te ouvir

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 15 (Mai/Jun de 2007) do grupo literário Luminários.

EXCELSA ABSTRAÇÃO


Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 14 (Mar/Abr de 2007) do grupo literário Luminários.

DESVÃOS

Tu que passeias pela noite
Hora dos espíritos livres
Roubaste minha razão
Trouxeste-me nova vida
Sigo sôfrego sem olhar para trás
As amarras foram soltas

Imagino-te a cada instante
Refaço nossos beijos
Anseio teu reencontro

Paixão desvairada
Que invade o ser
E cria realidades
Nos desvãos entre certo e errado
Forbidden love but without prohibitions

Saí de mim mesmo
Abri-me para ti
Prevejo-te em meu futuro
Fiz pacto de amor

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 13 (Jan/Fev de 2007) do grupo literário Luminários.

ESCOLHA

Ouço a todo instante/ Não consigo decidir/ Entre o anjo e o demônio/ Eles têm longos cabelos/ Sigo/ Sucessão de fatos repetidos/ Entediantes/ Quero sentir/ Esbarro na maldição/ Não serei surpreendido?/ Não encaro meu eu futuro/ Medo de saber/ Fragmentos da Verdade/ Ilusão constante/ Até onde voltar para me trazer de volta?/ Ao que agrada ao anjo/ Ou ao que agrada ao demônio?/ Serei eu?

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 12 (Nov/Dez de 2006) do grupo literário Luminários.

ÊNFASE NO NÃO DITO

Sonhos não foram compartilhados/ Dores não foram contadas/ Medos silenciados/ Desejos ignorados// Perguntas que não foram verbalizadas/ Impulsos que não se tornaram abraços// Nasceram irmãos/ Cresceram desconhecidos

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 12 (Nov/Dez de 2006) do grupo literário Luminários.

MOMENTOS ROUBADOS

não me diga que será mais tarde
não me fale de trabalho
beije a loucura
(e a mim)
faça amor com o dessentido
(e comigo)
esqueça as horas
esqueça quem é
a realidade é relativa
a estrada parece não ter fim
chove

o líquido vermelho
agora
tom sobre tom no sangue

estes são
os perfeitos momentos
os poucos que livramos do destino
que nos fazem saltar para a transcendência
que nos fazem esquecer da arma em casa
quero mergulhar em seus olhos negros
misteriosos
quero saber de você
seu lado santa
seu lado bruxa
seus altares e suas fogueiras
eu não sabia que a cor me fascinava
veja minhas roupas
veja meus olhos
eles dizem as palavras não pensadas
sublimadas

quero o momento roubado da tarde
quero o presente do dia
quero outro momento de você

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 11 (Set/Out de 2006) do grupo literário Luminários.

EBULIÇÃO

Noite escura
Devaneios
Crise existencial
(mais uma vez)

Os sinos tocam
chamam-me de dentro de mim mesmo
(outros eus)

Faz sentido
Cansei-me da vida

Aquela garota
A mais interessante
Sabe ser a salvação
(mas como?)

Dilema

Um revólver ou uma mochila?

Fugir para sempre
Fim da realidade
Fugir sem destino
Uma nova verdade
Arqueologia de novas máscaras
Experiências não vividas
Cenas nunca vistas
Ou o medo e a covardia
Seis balas
Roleta russa sem falhas

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 11 (Set/Out de 2006) do grupo literário Luminários.

PROFECIA 14/28

sozinho
solitário
ele passeava em um barco no agitado mar noturno
ele havia sofrido uma desilusão amorosa
sabia que seu futuro era incerto
vendeu seu carro e sua casa para pagar dívidas de jogo
sua vida era um pesadelo de Sófocles
passeando frustrado em seu barco
o mar mais forte se agitou e a sua embarcação foi a pique
morreu
afogado!
afogado não pelas águas mas pelos problemas da impiedosa existência
esse homem pagou o preço da morte pela sua vida de incredulidade
ele era um homem sem certezas
mas um romântico
objeto sem sujeito

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 08 (Mar/Abr de 2006) do grupo literário Luminários.

PERIFERIA DO REINO


Para sua família foi um dia normal, com exceção dos contratempos de ter de providenciar os ritos fúnebres e a paga das despesas que eles provocam. Ninguém entre seus entes próximos diria que ele era o mais querido ou o mais engraçado. Nem entre os mais distantes. Sequer entre os poucos amigos.

Os sinos da pequena igreja do interior onde nascera replicavam o anúncio de mais um morto. As grandes portas da entrada não eram, sozinhas, suficientemente convidativas, pois ali era velado, pelos poucos que lá se encontravam por se sentirem na obrigação, alguém absolutamente comum. E ninguém gosta dos comuns, são espelhos.

Um dia lhe disseram que os lugares de morada no céu dependiam do número de pessoas em seu velório. Se muita gente, uma morada nobre, se poucas, na periferia do reino. Ele nunca acreditou.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 07 (Jan/Fev de 2006) do grupo literário Luminários.

SEGUNDA PESSOA

Você olhava para os olhos dela demonstrando nos seus todo o seu desejo contido de avançar em sua boca e beijá-la desesperadamente por todos os anos que a conhece e a cobiça. Atraído irresistivelmente por ela sem poder consumar o ato simplesmente por questões morais. Ela o ama, você sabe, mas a outros buscou entregar este amor. Você não suportava mais o riso dela, que escondia uma certa desesperança com a vida, que lhe negou uma paixão verdadeira. Inclinar a cabeça para trás, ao sorrir, balançando os longos cabelos, pareciam a qualquer olhar que não a visse de fato, felicidade. Apenas você sabia de sua dor. Somente você podia libertá-la. Somente você poderia estrangulá-la com as mesmas mãos que ansiavam acariciá-la. Unicamente você poderia atirar contra a própria cabeça em seguida. Você, a segunda pessoa mais importante para si mesmo. Ela, a primeira.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 06 (Nov/Dez de 2005) do grupo literário Luminários.

PELOS EXCLUÍDOS

Sou índio soul
Sou idoso soul
Sou mulher soul
Sou criança soul
Sou deficiente soul
Sou prostituta soul
Sou homossexual soul
Sou nordestino soul

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 05 (Set/Out de 2005) do grupo literário Luminários.

LIVRE

Não falo mais.
Me calarei sempre.
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–?
Não entendeu o que eu disse?

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 05 (Set/Out de 2005) do grupo literário Luminários.

EM NOME DO NADA

Ei, você!
Que pensa que tá indo tudo bem na sua vida,
Que comprou um celular último modelo e pensa que realizou o último sonho,
Que acha que só a sua religião levará para o céu,
Que arranja algumas mulheres por causa de uma moto ou carro e se acha o gostoso,
Que tenta casar com um homem rico pra resolver o futuro,
Que trepa nas noites de quinta depois da novela das oito, sem nenhuma emoção,
Que não se emociona com um filme ou uma música,
Que nunca leu um livro sequer,
Que não sabe nada de política e economia,
Que vai trabalhar todos os dias tomando o mesmo caminho,
Que tem uma profissão que odeia, só pelo dinheiro,
Que não confia em ninguém nem é confiável,
Que acha que ser nacionalista é ver o jogo da seleção de futebol,
Que nunca reivindica seus direitos,
Que tem raiva de quem se destaca,
Que acha que o dinheiro é solução pra tudo e compra a todos,
Que se conforma com a mediocridade,
Que já não sonha na cama antes de dormir,
Que não é o que pensa e sente por vergonha ou medo,
Que não vive a própria vida pensando na dos outros,
Que não conhece nada além de seu próprio mundinho,
Que vive criticando por inveja o que adoraria fazer,
Que não tem nem consciência de que está vivo,
Ei, você!
Ser patético e desprezível,
Acorde!
Sinta de verdade,
Ame de verdade,
Trepe de verdade,
Saiba de verdade,
Seja de verdade,
Sinta de verdade!

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 05 (Set/Out de 2005) do grupo literário Luminários.

TERCEIRO OLHO DO POETA

A noite diz:
Tudo que vocês quiserem
O vermelho já há muito corre nas veias
Não o sangue, mas o que inspira.
Um deles diz:
Vocês sabem o que nos diferencia dos animais? A História.
Não entendemos nada, mas diz muito.
Somos primitivos, instintivos,
Somos puro ID e gritamos com The Doors:
"Come on baby, light my fire
try to set the night on fire
(Venha, baby, acenda meu fogo
tente por a noite em chamas)"
Algo quer sair de dentro de nós, talvez os demônios de Platão?
A mesa da comunhão vira instrumento musical.
Falamos muito e fingimos entender.
E nos desentendemos com nós mesmos, com o mundo, com os outros.
Queremos desformar a forma.
E choramos com a dialética da construção e da desconstrução.
E somos a um só tempo únicos e perdidos em doces ilusões.
Formulamos teorias que irão mudar o mundo.
E pensamos em nós mesmos.
Bêbados, cheirando à fumaça de nossos cigarros misturada aos sons do Pink Floyd:
" At a higher altitude with flag unfurled
We reached the dizzy heights
of that dreamed of world
(Em alta altitude com a bandeira desfraldada
Alcançamos as alturas inebriantes
daquele mundo de sonhos)"
Verdadeira face para a família? Um deles pergunta.
E quem somos nós? Seguimos perguntando.
Muitos porta-retratos sem as fotos de sorrisos congelados.
E seguimos entendendo o mundo, drogados e lúcidos.
Vemos os átomos e os atos hipócritas.
E achamos e pensamos tantas elucubrações alcoólicas.
Desmentimos tudo em seguida.
Mente em movimento,
Língua solta,
Palavras desconexas que explicam tudo.
Nos sentimos casados com o mundo,
Transamos com ele em mais de cinco sentidos conhecidos.
O terceiro olho está aberto e vemos coisas que ninguém mais vê.
E vemos fantasmas. Um poeta como nós. Há tempos desencarnado.
Henry David Thoreau.
E nos diz:
"Hey, guys!, vejo que vocês estão vivendo minhas palavras:
'To put to rout all that was not life
and not, when I had come to die,
discover that I had not lived
(Fazer apodrecer tudo que não era vida
E não, quando eu morrer,
descobrir que não vivi)'"
Gritamos, dançamos, vivemos,
Fomos ao bosque. E nos sentimos vivos.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 04 (Jul/Ago de 2005) do grupo literário Luminários.

POLÍMNIA

Para ele tudo parecia novo. Não reconhecia seu rosto no espelho, seus amigos, sua família. Os dias se passavam num ritmo descompassado. Um sonho desconexo e sem linearidade, mas estranhamente real.

Em um de seus instantes de encarnação do que fora se viu lutando e dizendo palavras sem sentido para sua mãe e seus irmãos que tentavam dominá-lo. Lembrou-se apenas de sua profissão. Escritor. Mas isso não trazia luz à escuridão de seu hipocampo. Viu-se impelido a agarrar o pescoço de sua mãe. Noutro fragmento das imagens turvas que lhe chegavam à visão e à sua mente cambiante, era exatamente o que fazia. Se sentia beijado por Polímnia, musa das palavras. Os sons da luta pareciam distantes. Os irmãos batiam nele como se em lentos movimentos.

A voz do psiquiatra ainda era distante e sua imagem turva, mas entendia perfeitamente o que ele dizia. De um ímpeto levantou da cama. O psiquiatra segurava um calhamaço. Era o trabalho de anos de seu paciente. Assassinatos em troca de inspiração. O médico o ajudava nos crimes.

Sua mãe estava morta. Suas lembranças o confundiam. Seu corpo estava mutilado - o preço da inspiração quando não conseguia matar ninguém. Fugiu pra viver novas vidas.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 03 (Mai/Jun de 2005) do grupo literário Luminários.

CASA COMUM

Polímnia é teu nome
Musa da eloqüência
Me arrancastes as palavras
Conexas, diversas
Perdidas na descrença do livro dos destinos
Criadas na inconsciente esperança
Que lembra a anterioridade
E anseia o porvir

Profeta comum
Parábolas diversas
Reencontro atemporal
Espaços quânticos
Realidades furtivas
Sentidos aguçados dos amantes iluminados
Metafísica milenar
Poções alquímicas
Harmonia ancestral

Os personagens da fotografia descongelam
E caminham. E rumam para a via-láctea
A estrela chama
Voltarão para casa

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 02 (Mar/Abr de 2005) do grupo literário Luminários.

EROS RING MY BELL (OU DO DEVIR)

Idéia, sede, visão
Fonte, água, desejo, mergulho
Pressão, voracidade, antropofagia, volúpia, luxúria
Sagrado e profano
Caos/cosmos
Espasmo, relaxamento
Saciados...
Ávidos por mais.

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 01 (Jan/Fev de 2005) do grupo literário Luminários.