DESESPERANÇA

mais uma vez alcoolizado
(única maneira de sobreviver!)
som do Era
luz de velas
um quarto fechado
penso no fim
penso no fim
penso no fim

tesão
(ainda vivo?)
oro para a Esperança
masturbo-me em sua intenção
ela me diz algo quase imperceptível
baixinho como queiram
foda-se! (sua voz suave)

ilusões incoscientes
medos dos pais
(nos destróem como quem sabe a verdade)

sucessão de acasos
disseram maktub
inócuo como dizer eu te amo

nada faz sentido
já haviam descoberto
mas o Departamento da Mentira
nos apagou a memória
e a Esperança, vadia,
se vendeu ao sistema
e me estupra
e enquanto gozo, creio
ela é profissional

acendo um cigarro
e me acredito vivo, imortal
(só porque escrevo esse poema)
mas creia-me
na eloqüência que só os drogados possuem
não sou mais que meu cérebro
(que podia estar até numa lata)
não vou a lugar algum
(nem você, seja quem for)
o fim é realmente o fim

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 17 (Set/Out de 2007) do grupo literário Luminários.