MOMENTOS ROUBADOS

não me diga que será mais tarde
não me fale de trabalho
beije a loucura
(e a mim)
faça amor com o dessentido
(e comigo)
esqueça as horas
esqueça quem é
a realidade é relativa
a estrada parece não ter fim
chove

o líquido vermelho
agora
tom sobre tom no sangue

estes são
os perfeitos momentos
os poucos que livramos do destino
que nos fazem saltar para a transcendência
que nos fazem esquecer da arma em casa
quero mergulhar em seus olhos negros
misteriosos
quero saber de você
seu lado santa
seu lado bruxa
seus altares e suas fogueiras
eu não sabia que a cor me fascinava
veja minhas roupas
veja meus olhos
eles dizem as palavras não pensadas
sublimadas

quero o momento roubado da tarde
quero o presente do dia
quero outro momento de você

Publicado originalmente no zine Os Putos e as Donzelas # 11 (Set/Out de 2006) do grupo literário Luminários.