ZUMBIS ESTÃO POR AÍ


Nós da Garagem Dinâmica adoramos zumbis. E não é de hoje por causa do frenesi dos novos produtos relacionados. É desde A Noite dos Mortos-Vivos do Romero de 1968, que só assistimos anos depois obviamente, já que todos somos da Geração Y (ou quase todos).

The Walking Dead, claro, é a nova sensação com o tema, que ciclicamente na cultura pop sempre volta à tona (como anjos, vampiros e lobisomens). Com a série consegui até ter um programa de fã em comum com minha namorada Juliana, que também adora e, como todas (ou quase todas) as mulheres se derrete pelo Daryl e eu, como muitos namorados, queremos que ele morra, lol. O Leonard tentou ter um programa de fã com a Penny num episódio recente de The Big Bang Theory, mas não deu muito certo. Ele sugeriu que assistissem juntos à Buffy, mas a Penny não gostou muito. 

Enfim, o Apocalipse Zumbi se aproxima! Pelo menos nos sonhos malucos de gente louca como os garageanos, fãs de cultura pop, mesmo que não tenham nenhuma possibilidade de sobreviver fora de seus consoles de videogame, tablets, smartphones, laptops, fastfoods e que também não saibam atirar (eu pelo menos já estou treinando isso, minha pontaria tá ótima!).

E enquanto os zumbis não chegam sigo estudando psicopatologias na expectativa de ser um psicólogo e neuropsicólogo de sucesso (alguém se consultará comigo no caos hipotético que se instalará?). E lendo os gigantescos manuais da psicologia e assistindo de camarote as brigas sobre o DSM-V que tá pra sair (que é o manual de diagnóstico de doenças mentais, que vem com tanta doença nova que tá difícil ser “normal”), encontrei a Síndrome de Cotard, descobrindo que sim, existem zumbis por aí! Ou pelo menos na realidade delirante dos portadores da doença.

Identificada no final do século XIX pelo neurologista Jules Cotard, os indivíduos que apresentam o transtorno acreditam que estão mortos! Figurativa ou literalmente. Acham que não existem, que estão em estado de putrefação, ou que perderam todo o sangue e os órgãos internos. A semiologia da doença apresenta principalmente o delírio de negação. Os portadores negam que existem ou que certas partes do seu corpo existem. Foram identificados três estágios da doença. Germination (onde os pacientes apresentam depressão psicótica e hipocondria); Blooming (desenvolvimento da síndrome da negação) e a terceira, Chronic (caracterizada por depressão crônica e delírios graves).

Para os iniciados que estão lendo esse post, sim, há semelhanças com esquizofrenia. Neurofisiologicamente está associada a lesões no lobo parietal e atrofia no lobo frontal. Alguns sugerem que a Síndrome de Cotard pode ter a ver com danos que resultam na não capacidade para espelhar os circuitos de neurônios, fazendo com que uma pessoa perca a capacidade da autoconsciência, inclusive. Como assim?  É que há um grupo de neurônios chamados de neurônios-espelho ou neurônios-empatia. São células nervosas que são ativadas quando realizamos uma ação ou quando observamos alguém realizar uma ação. O que nos torna capazes (e evolutivamente foi e é necessário) de identificar os nossos pares e por eles sentir empatia. E imitar o seu comportamento.  

Você não verá tantos “zumbis” por aí, afinal a síndrome (também conhecida como Síndrome do Cadáver Ambulante) é bem rara. Mas é curioso que eles estão por aí, além do papel e dos pixels da cultura pop. 

PUBLICADO INICIALMENTE NO BLOG GARAGEM DINÂMICA