LIDERANÇA E CULTURA POP


Relaxando com meu colega de Garagem e de Neurociências Glawber Kieds outro dia no McDonald’s (sim, comemos lá e andamos em shopping!), inventamos de comprar o McLanche Feliz pra ganharmos os bonecos dos ThunderCats na nova promoção.   Obviamente os dois escolhemos o Mumm-Ra, o de vida eterna, lol. Que não está na forma decadente, como você pode ver na foto.

Na conversa e na sessão de fotos (momento PVT, como diz o Glawber), eu falei que até pensei em pegar o Lion-O, mas ele é chato. Como todos os líderes de equipe do universo pop que lembramos. Capitão América (chato), Ciclope (chato e bobo), Super-Homem na Liga da Justiça (chato e escoteiro, como diz o Batman), Kirk (chato e canastrão). E por aí vai, você entendeu meu ponto e deve tá lembrando de vários.

Obviamente precisamos desses chatos, tudo precisa de liderança. Como empreendedor fico lendo às vezes sobre liderança corporativa. Livros chatos. E eu mesmo sou chato muitas vezes com minhas equipes. Aliás, eu sempre falo nas palestras por aí, sobre ambiente corporativo, que todas as empresas precisam das figuras dos chatos burocratas como a Lisa Cuddy e os chatos visionários como o House. Sem qualquer um dos dois o Princeton-Plainsboro Teaching Hospital da série não teria a mesma excelência. As equipes precisam de ciclopes e de wolverines.

Teorias sobre liderança têm várias. Há até a novidade da neuroliderança, que aplica conceito das neurociências (Glawber, lembre-se do curso que ministraremos. Fãs da garagem, inscrições abertas, rsrsr). Mas sempre gosto de voltar aos clássicos. Neste caso do meu cientista social (entre os três porquinhos) favorito: Max Weber. Os outros dois são Marx e Durkheim.

Weber distingue três tipos de dominação (e liderança). A legal, a tradicional e a carismática. A dominação ou autoridade racional-legal, ou burocrática, se baseia mais em leis impessoais do que em lealdade pessoal. Obedece-se a um estatuto legal, baseado em regras criadas racionalmente. Utiliza funcionários especializados.

A tradicional repousa no respeito ao que real, alegada ou presumivelmente sempre existiu. Os dominados (súditos) seguem o “senhor”, legitimado pela história e tradição. Obedece-se fielmente à pessoa em face de sua dignidade. O quadro administrativo é formado de dependentes pessoais do senhor, não pela competência.

E a carismática se baseia nas qualidades peculiares de um líder. Baseia-se na crença de um poder extra-comum, extra-cotidiano do líder, a seus supostos poderes mágicos. Obedece-se à figura do líder e não a seu poder legal ou de uma tradição instituída. O líder não tem servidores ou funcionários, mas apóstolos, partidários ou discípulos.

Sociologicamente falando liderança passa por esses tipos ideais, normalmente os líderes da cultura pop são carismáticos, ainda que chatos por serem tão certinhos. Por isso adoramos os anti-heróis e os vilões, eles parecem mais sem regras. E todos as temos, talvez por isso idealizamos os que vivem sem muitas delas. Contudo, o bom líder precisa muitas vezes quebrar regras para liderar com eficiência e derrotar o Mumm-Ra em mais um episódio.

PUBLICADO INICIALMENTE NO BLOG GARAGEM DINÂMICA