CRISE DO TRABALHO

Diante dos elevados níveis de desemprego o Estado tem se tornado cada vez mais impotente, não lhe sendo possível assegurar uma política de pleno emprego, já que não pode interferir de maneira eficaz na racionalidade da economia de mercado, uma vez que o trabalho não é mais considerado, pelos novos nomes da razão econômica, o centro do processo produtivo. O Estado só pode interferir de maneira paliativa, investindo mais em políticas de proteção ao desempregado que em políticas de geração de emprego. É o que tem ocorrido tanto nas chamadas economias centrais como no Brasil.
Essa incapacidade do Estado em promover o pleno emprego, está aliada a constante crise econômica, que vem revelando que o capitalismo atingiu o ápice de sua expansão, notado pela falta de crescimento expressivo, pouco investimento em criação ou expansão de novas empresas e sim fusão de grandes corporações e produção de bens cada vez menos duráveis para acelerar o consumo.
O Estado social não pode interferir diretamente no sistema econômico, qualquer medida deve estar dentro desse sistema, o que dificulta seriamente um programa que gere emprego e renda, somando-se a isso os novos processos de trabalho, influenciados tanto pelas novas tecnologias como pelo novo modelo de funcionário polivalente, que realiza o trabalho de várias funções, obviamente ganhando por uma só. Além disso, o Estado não pode garantir o trabalho como um direito civil sem onerar a própria classe trabalhadora através dos impostos para cobrir as despesas de seguro-desemprego, previdência e indenizações. E isto se torna mais grave pelo alto índice de trabalhadores informais.
Nessa crise onde o mais importante é manter as empresas e, naturalmente, o lucro, falta espaço para manter as conquistas históricas da classe trabalhadora e para avançar em novas.

Publicado orinalmente no jornal O Povo de 30 de abril de 2007