A INDUSTRIALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA

Adorno e Horkheimer, da Escola de Frankfurt, interpretaram como ninguém o espírito consumista do século XX. Para eles o Capitalismo transforma arte em mercadoria, diminuindo assim o seu valor.

Entramos no século XXI seguindo a mesma lógica, isto é, qualquer coisa pode ser transformada em dinheiro. Dessa vez industrializamos e transformamos a violência, fenômeno que vem crescendo de forma significativa nas grandes cidades. Os americanos, claro, já vem representando a violência deles no cinema, tão conhecido nosso. Por aqui, em terras tupiniquins, estamos aprendendo. Com livros como “Cidade de Deus” do escritor e sociólogo Paulo Lins e “Estação Carandiru” do médico Dráuzio Varella, best-sellers que também viraram filmes de grande sucesso. Não quero, obviamente, questionar sua qualidade e importância. Mais recentemente apareceram “Abusado” e “Rota 66” do jornalista Caco Barcellos e a mini-série “Cidade dos Homens” e o documentário “Falcão” do Fantástico, ambos da Rede Globo (este foi proibido). Isso para citar só os mais conhecidos.

Tudo bem, levamos a favela à classe média, aos lares e mesas de jantar; tornamos pública a violência urbana, mas e daí? Compramos a violência, nos divertimos com ela e nos esquecemos de que ela não é uma mercadoria, mas uma realidade que precisa ser combatida. Não se distraia muito com esses produtos, alguém pode assaltá-lo.