A ESQUERDA E O PODER EXECUTIVO

Demoramos, mas vamos admitir de uma vez por todas, a esquerda brasileira só tem competência no legislativo.

Ao longo dos anos a esquerda do Brasil conquistou seu espaço fazendo as leis. Avançou em questões ligadas aos direitos humanos, provou competência política, arregimentou de estudantes a intelectuais. De movimentos homossexuais a movimentos ecológicos. Acreditamos numa esquerda inteligente, capaz, que finalmente levaria o Brasil ao tão sonhado país do futuro, o medo se transformou em esperança.

Com algumas exceções que confirmam a regra, já tínhamos visto a inaptidão da esquerda para o poder executivo através dos vários prefeitos eleitos pelo país, mas ainda tínhamos fé no operário. E por que não? Na época o acadêmico não nos parecia tão bom. Mas, ao que parece, ao chegarem lá nos mandos executivos, ainda não acreditando na vitória, lembraram do poeta: "E agora José?".

No executivo, a ideologia socialista não funciona. O que vemos é um ranço da ditadura estabelecida em todos os lugares onde o marxismo-leninismo deus as cartas, através de tentativas de controlar a imprensa e as universidades. Da imposição de juros cada vez mais altos, de uma carga tributaria que envergonharia até mesmo os coletores de impostos da Idade Média. De uma enxurrada de medidas provisórias. Da compra a altos valores de votos para a aprovação de projetos que lhes são convenientes e para que se encerrem CPIs constrangedoras e perigosas. Enquanto isso, o espetáculo dos comerciais caríssimos entretém o povo, que, afinal, adora televisão e acredita em tudo que ela transmite.

E assim vamos nós, cobaias para a derradeira tentativa de mostrar que a esquerda funciona, afinal, o Muro de Berlim já não existe, a China se rendeu ao capital e Cuba é uma ilha fracassada a espera da morte de seu chefe.

Por todos os lugares do país vemos os sindicatos, os movimentos sociais e estudantis perdidos, sem força, sem referências esquerdistas. Eles que viviam da religiosidade de teorias ultrapassadas descobriram que seu deus está morto. Estão aí, com rubor no rosto, baixando a cabeça para os amigos simpáticos ao neocapitalismo que dizem: "E aí, esperamos mais um ano?".