O MITO DO SUPER PROFESSOR

Chegamos ao início de mais um ano letivo. Nesse instante, milhares de professores estão extremamente ansiosos, se preparando para o retorno às salas de aula, onde, se espera, sejam educadores, conselheiros, bons oradores, incentivadores, exemplos, por aí vai, a lista é enorme.

O foco da pedagogia moderna está no aluno, ou melhor dizendo, no cliente. Sim, já que muito do que se faz hoje nos nossos bons colégios públicos e particulares é agradar o máximo possível aos alunos para mantê-los e para mostrar estatísticas positivas, seja de não reprovação, ainda que não aptos, ou como argumento publicitário, quando passam em faculdades e universidades. Para se conseguir isso é necessário passar toda a responsabilidade para o professor. É ele que precisa fazer o aluno gostar da matéria e de estudar. Se o aluno fracassa a culpa é transferida integralmente para o mestre.

Nossos pedagogos de gabinete de faculdade, que há muito deixaram as salas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio - alguns por lá nunca passaram, se esquecem, às vezes, que lidamos com gente. Pessoas problemáticas, influenciadas pela família, religião, pelo mundo do entretenimento. Formadas pela cultura da mediocridade, num país onde se tem vergonha de ser estudioso, de ser inteligente, de se destacar. Onde não se premia nem se incentiva os melhores. Mas, dizem, se o professor for um bom ator/animador e fizer aulas dinâmicas, mesmo que esqueça o conteúdo e o pensamento abstrato, os alunos adorarão. Evidente que sim, vivemos na sociedade do espetáculo, no dizer do filósofo francês Guy Debord, o entretenimento é supervalorizado. Não se lembram da matéria de biologia, mas das piadas do professor, sim.

Naturalmente, quanto mais talentos tiver o professor melhor para o aluno que estude por prazer, não por ofício, mas ao contrário do que andam dizendo por aí super-homens e super-mulheres não são professores.