SAUDADE DE FORTALEZA BOÊMIA

Sexta-feira à noite. Fortaleza. Havia convidado dois amigos do interior para uma noitada na capital. Animados, fomos a Osório de Paiva, seria bom um bar com bandas covers de rock, depois um outro com forró. Decepção. A avenida estava quase deserta. Não era um dia atípico, véspera de feriado ou algo assim. Achei que estivesse por fora da animação da cidade. É periferia, talvez fosse melhor ir logo à Praia de Iracema. Lá, o que encontramos foi bares e restaurantes fechados e pouca gente na rua. A única saída era pagar pra ficar numa boate ou clube fechado, escondidos do mundo.

O que há com nossa cidade? Lugar que se orgulhava de ser boêmio, festeiro, “melhor segunda-feira do mundo, imagine os outros dias” era o slogan. Medo da violência? Há tanta violência assim para termos tanto medo e ficarmos trancafiados em casa com nossas tvs, dvds, internet com seus programas de relacionamento, vídeo-games com jogos que simulam a vida lá fora? E quando resolvemos sair nos cercamos das paredes dos shoppings, dos clubes e de boates ou casas de amigos, com cerveja, karaokê e, na nossa consciência, segurança.

Um amigo me disse que estava querendo muito ir morar no interior, porque a violência aqui está muito grande. O interessante é que esse amigo nunca foi assaltado, nunca sofreu nenhum tipo de violência e não conhece ninguém que tenha sido. É claro que só um louco alienado diria que não há violência, porém, talvez não seja tão grande como estamos acreditando, que o mundo nunca esteve tão violento. Hoje temos amplo acesso à informação e casos isolados de violência nos chegam constantemente, nos dando a sensação de barbárie. Imagine no passado os assassinatos e lutas até a morte no coliseu, os enforcamentos em praça pública, o faroeste e, em nossas terras, cangaceiros matando pessoas pelas ruas. Fortaleza parece bem melhor agora.