OS INTELECTUAIS E O PODER

Não é novidade que intelectual odeia intelectual. Prova disso é a absoluta desunião e a eterna guerra de vaidades que travam entre si. E o intelectual de esquerda é uma espécie mais esquizóide ainda. Vindo da classe média, e, não raro, da elite econômica e cultural odeia sua condição e põe sua fé e esperança na classe trabalhadora, que, por sua vez, nunca inicia nada em favor de si mesma. Basta ver as revoluções sociais que tivemos, foram sempre comandadas da classe média para cima.

Odiava-se declaradamente Fernando Henrique Cardoso, presidente intelectual, e sonhava-se e lutava-se por Lula, operário, semi-analfabeto, que se ufana de nunca ter ido à universidade e sempre mostra seu desprezo por livros.

Por que os intelectuais, cujo reduto é a universidade e cujo instrumento preferencial de trabalho é o livro, apóia alguém assim? Veja no que deu. Éramos felizes e não sabíamos. Por que não se empenham na tomada do poder, já que, virtualmente têm respostas e opiniões sobre tudo, e se apegam, como a uma verdade sagrada, à utopia da revolução operária, que, em tese, destruiria sua própria classe? Marx e Engels lutavam contra si próprios.

A máxima do carnavalesco até folcloriza essa ridícula obsessão dos intelectuais, afinal, parafraseando-o, quem gosta de pobre é intelectual, que acredita em revolução popular, pobre gosta mesmo é de carnaval, futebol, novela e de sonhar em um dia ser classe média, não há para o pobre luta de classes.

Sei que o papel do intelectual é a crítica, é agitar, provocar a reflexão, não lhe cabe a ação, mas não é hora de mudar isso? Não é o momento de os que pensam o mundo também agir sobre ele? Inaugurar um novo palco social, e, ao invés de esperar que alguém siga suas idéias, serem os próprios agentes? Marx deveria ter dito: Intelectuais do mundo todo, uni-vos!