GERAÇÃO Y, SONHOS E TRABALHO

Há ainda bastante controvérsia acerca dos posicionamentos no calendário de onde estão as gerações X, Y, Z, etc. A posição mais aceita é para os que nasceram entre 1978 e 1990 (Para o alívio de alguns garageanos que tentam desesperadamente achar um retrato como o de Dorian Gray). Antes disso estariam os X e depois de 1990 os Z.

É essa galera (nós, afinal só tenho quase trinta e estou na lista, lol), representados na cultura pop pelos gênios Sheldon Cooper, Leonard Hofstadter, Howard Wolowitz e Rajesh Koothrappalli de The Big Bang Theory e no mundo real (há diferença?) por Mark Zuckerberg do Facebook e Alex Kipman (brasileiro) criador do Kinect para o X-Box que estão dando as cartas no trabalho, na cultura, na moda e nos relacionamentos. 
Os Millennials (outro nome para geração Y) adoram o conhecimento relacionado à ciência, à cultura pop, a coisas desconhecidas dos demais. Novamente os nerds estão em evidência na sociedade, dessa vez positivamente. Não são mais os loosers que não são atletas e nem pegam a líder de torcida (só no final do filme). Agora são os ricos, poderosos e evidentes na imprensa, nas empresas, na fagocultura. Nerds em todas as suas variações. Geeks, Hipsters, Gamers, Trekkers, Otakus, Cinéfilos, Hackers etc. No more freaks.

Sim, eu sei, ainda tem muito millennial por aí ruminando os versos do Fernando Pessoa do poema Tabacaria:

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.

Eis o problema. Somos insubordinados e queremos sempre dar sentido a tudo. Não aceitamos trabalhar em algo que não faça sentido. Queremos mais que dinheiro, queremos mudar o mundo.  “A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte” já cantavam os Titãs (da geração X). E nesse ponto precisamos pensar num híbrido de Nikola Tesla e Thomas Edison. Dois gênios rivais, duas posturas, duas histórias. O primeiro morreu falido e esquecido. O segundo, milionário e celebrado. Prefiro o primeiro, como a maioria dos nerds, afinal ele representa o gênio desapegado e romântico que quer mudar o mundo. Mas gosto da visão de negócio do segundo. Será que sou assim por ter nascido logo no começo da geração y e, portanto, na transição?

O que acredito é em convergência. E estamos vivendo um tempo favorável a isso. Artistas sim, mas com visão de negócio. Idealistas, sim, mas com contas bancárias condizentes com nosso perfil de detentores de conhecimento. Hugh Jackman e Anne Hathaway podem ser o Wolverine e a Mulher-Gato num Blockbuster e grandes atores dramáticos em Os Miseráveis. George Clooney, Brad Pitt, o diretor Steven Soderbergh (e os demais de Onze Homens e Um Segredo) conseguem manter a postura de fazer filmes pra ganhar dinheiro (mas bons, claro) e filmes de arte. E o grande mestre ocidental dos quadrinhos, Will Eisner foi um grande empreendedor. Curiosamente o mestre oriental Osamu Tesuka também foi.

Criar, transformar, significar, amar, diferenciar, são verbos caros aos millennials. Mas que não sejamos poetas do romantismo que morriam sozinhos e com tuberculose, mas apaixonados que mudam o mundo e conseguem viver (financeiramente) dessa paixão. 

Aqui um vídeo bem legal sobre Nikola Tesla:


E a música-homenagem da cantora Amanda Palmer, mulher do Neil Gaiman (outro nerd de sucesso) à Nikola Tesla.


PUBLICADO INICIALMENTE NO BLOG GARAGEM DINÂMICA