MULHERES: NOVOS PARADIGMAS NA FICÇÃO E EM OUTRAS REALIDADES


Há dias aguardo ansioso meu novo jogo Tomb Raider chegar. Comprei em pré-venda pela Saraiva e até compartilhei em nossa fanpage no Facebook a ordem de venda. A data oficial de lançamento é hoje, dia 08 de março, não por acaso o Dia Internacional da Mulher, afinal, quem melhor representa nos games as mulheres e seus novos papéis sociais senão a forte, sexy, independente, inteligente e bem sucedida Lara Croft?


A franquia de games da antropóloga (me too! Lol)/arqueóloga “saqueadora de tumbas” fez um gigantesco sucesso global e arregimentou milhões de fãs em todo o planeta. Finalmente era possível ver uma mulher como protagonista de um game de aventura (Princesa Zelda e Princesa Peach não contam). Obviamente os seios fartos (aumentando a medida que novos jogos eram lançados) e o shortinho mostrando as compridas pernas agradava muitíssimo ao público adolescente masculino. Mas Lara tinha algo mais, era inteligente e destemida, o que também conquistou o público feminino. Uma versão feminina de Indiana Jones incialmente, mas que ganhou identidade própria à medida que as próprias mulheres do mundo real foram conquistando seu espaço. O primeiro Tomb Raider foi lançado em 1996; muito da sociedade mudou nesse tempo.

Comecei a jogar (e a me apaixonar) por Lara em Tomb Raider II, lançado em 1997, que eu jogava no meu PC (que hoje deve estar no céu dos PCs ultrapassados), madrugada adentro, deixando de lado minhas leituras de Nietzsche, Ricoeur, Gadamer, Heidegger e Sartre da faculdade de teologia de lado. E a toda hora ligava pro meu brother garageano Mauro, que com sua memória eidética para jogos me ajudava quando eu me perdia nos caminhos de Lara.


Lara que foi vivida no cinema por Angelina Jolie (outra por quem sou apaixonado). Não podia ter sido ser nenhuma outra a interpretar essa icônica personagem, afinal, na mudança de paradigmas sociais das mulheres no mundo (mais especificamente no Ocidente, claro), Jolie é uma excelente representante. Mãe, ativista, profissional, inteligente, sexy. Atriz ganhadora do Oscar em 2000 por Garota Interrompida. E que teve também sua fase porra louca, algo hoje permitido às mulheres, afinal elas também precisam experimentar o mundo. Os filmes (Lara Croft: Tom Raider  e Lara Croft Tomb Raider: A Origem da Vida) não são obras primas, mas são bem bacanas, sobretudo o primeiro. Representam bem a personagem, encarnada com perfeição por Angelina Jolie (que também protagoniza outros filmes de ação, gênero antes dominado por homens). Não percebeu as mudanças ainda? Preste atenção na publicidade, nas pesquisas, nas faculdades, nos shoppings, nas empresas. Women Power. Ou Pink Power.


E as mulheres continuam sua evolução social, que nós garageanos apoiamos veementemente, sendo inclusive interessante que nesse novo jogo da franquia (intitulado apenas de Tomb Raider), que faz um reboot para os novos tempos, Lara é a ainda jovem aprendiz de aventureira, sem shortinhos e com seios que não atentam à gravidade. Um modelo anatômico mais apropriado à nova mulher dos anos 2000, bonita sem dúvida, porém mais que um corpo físico, um corpo psicológico, sociológico, filosófico. Um ser completo no mundo. Protagonista de sua história de vida.

PUBLICADO INICIALMENTE NO BLOG GARAGEM DINÂMICA